Alvos da Operação Lava-Jato usaram as redes sociais para comemorar a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sacramentada ontem (16). Ex-procurador responsável pela força-tarefa em Curitiba, ele deixou o cargo para se candidatar no ano passado.
Um dos alvos mais célebres da operação, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi sucinto: “Tchau, querido”, escreveu no Twitter. A frase ficou famosa durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ocorrido enquanto Cunha comandava a Casa legislativa.
Já o ex-juiz e senador Sérgio Moro (União-PR) lamentou a decisão do TSE. “Estou estarrecido por ver fora do Parlamento uma voz honesta na política que sempre esteve em busca de melhorias para o povo brasileiro. Perde a política. Minha solidariedade aos eleitores do Paraná e aos cidadãos do Brasil”, disse o ex-magistrado responsável pela Lava-Jato.
O próprio Deltan, por nota, afirmou que “344.917 mil vozes paranaenses e de milhões de brasileiros foram caladas nesta noite com uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça”. O texto continua: “Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”.
A decisão sobre a cassação deve ser cumprida imediatamente. Deltan ainda poderá apresentar recurso ao próprio TSE e ao STF, mas já sem o mandato.
A decisão foi tomada por unanimidade. Todos os ministros seguiram a posição do relator, ministro Benedito Gonçalves, que considerou que Deltan pediu exoneração do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia tornar ele inelegível.
— Constata-se, assim, que o recorrido agiu para fraudar a lei, uma vez que praticou, de forma capciosa e deliberada, uma série de atos para obstar processos administrativos disciplinares contra si e, portanto, elidir a inelegibilidade — afirmou Gonçalves em seu voto.
O pedido de cassação foi apresentado pela federação PT, PCdoB e PV e pelo PMN. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) rejeitou o pedido, mas os partidos recorreram ao TSE.