O falecimento do ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, na terça-feira (13), aos 89 anos, em Montevidéu, vítima de complicações causadas por um câncer de esôfago com metástase hepática, pode mudar a agenda de Luiz Inácio Lula da Silva.
O velório do ex-líder uruguaio será realizado no Palácio Legislativo da capital uruguaia a partir desta quarta-feira (14) e deve reunir autoridades de todo o continente. Entre elas, é esperada a presença do presidente Lula, amigo pessoal de longa data de Mujica. O presidente e sua comitiva estão em retorno da China e têm chegada prevista na noite de quarta. Ainda não há informação de quando será feito o procedimento de cremação do corpo de Mujica, que completaria 90 anos no dia 20 de maio.
Com isso, a visita do presidente a Ortigueira, inicialmente prevista para sexta-feira (16), pode ser novamente adiada. A assessoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organizador do evento, ainda não confirmou se a programação será mantida. O objetivo da visita é formalizar a criação de um assentamento para mais de 400 famílias na comunidade Maila Sabrina, localizada entre os municípios de Ortigueira e Faxinal.
No final de abril, Lula já havia cancelado uma ida à cidade devido ao falecimento do Papa Francisco, quando optou por comparecer ao velório do pontífice.
Mujica
A doença foi diagnosticada em abril de 2024 e, em janeiro deste ano, Mujica decidiu interromper o tratamento, afirmando que seu corpo já não suportava mais intervenções. Ícone da política latino-americana e admirado por sua simplicidade e firmeza ética, Mujica deixa um legado de luta pela justiça social e pela democracia.
Pepe Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015, após trajetória que começou ainda durante a ditadura militar, como integrante do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros. Preso por quase 15 anos, Mujica emergiu da prisão como uma das principais lideranças políticas do país. Na democracia, foi eleito deputado, senador e, por fim, chefe de Estado.
Durante seu governo, promoveu reformas emblemáticas, como a legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da maconha. Conhecido por rejeitar os luxos do cargo, vivia em uma chácara na zona rural de Montevidéu, onde cultivava flores, hortaliças e dividia o lar com sua cadela Manuela. Em vida, expressou o desejo de ser sepultado sob a sombra de uma sequoia plantada por ele mesmo, no quintal de casa.