O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta segunda-feira (10), durante a abertura da 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que a governança global precisa atuar para promover uma transição justa rumo a economias de baixo carbono, de modo a evitar um colapso climático.
“Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões. A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer”, afirmou Lula.
A COP-30 é realizada pela primeira vez na Amazônia, em Belém (PA), bioma que abriga a maior biodiversidade do planeta e tem papel essencial na regulação do clima global. O encontro, que vai até o dia 21 de novembro, reúne líderes mundiais e especialistas para debater medidas concretas contra o aquecimento global.
Crítica aos negacionistas
Em seu discurso, o presidente fez duras críticas aos negacionistas climáticos e à desinformação, afirmando que a COP-30 deve ser lembrada como a “COP da verdade”.
“Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, declarou.
Lula destacou que o aquecimento global ameaça empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, revertendo décadas de avanços sociais. Segundo ele, as políticas de adaptação climática devem levar em conta o impacto desproporcional sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis.
“Trazer a COP para o coração da Amazônia foi necessário”
O presidente também ressaltou os desafios de sediar o evento em Belém e afirmou que levar a conferência para o “coração da Amazônia” foi uma decisão estratégica.
“A Amazônia não é uma entidade abstrata. Quem só vê floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra. O bioma mais diverso da Terra é a casa de quase 50 milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas, espalhados por nove países que enfrentam imensos desafios sociais e econômicos”, disse.
Com o tema da justiça climática no centro das discussões, a COP-30 busca recolocar o debate ambiental entre as principais prioridades internacionais e reforçar o papel do Brasil como liderança global na agenda verde.





