Ao menos 11 pessoas morreram durante a noite de segunda-feira (11) em novos ataques israelenses contra áreas orientais da Cidade de Gaza, segundo testemunhas e equipes médicas locais. As ações ocorrem em meio à expectativa de uma nova rodada de negociações para um cessar-fogo, liderada pelo Hamas e com mediação do Egito e apoio dos Estados Unidos.
O líder do Hamas, Khalil Al-Hayya, deve chegar ao Cairo nesta terça-feira (12) para retomar as conversas com autoridades egípcias. A última rodada de negociações indiretas com Israel, realizada no Catar, terminou sem acordo no fim de julho. O impasse gira em torno de uma proposta dos EUA que prevê trégua de 60 dias e libertação de reféns, mas as partes trocam acusações sobre a falta de avanços.
Nova ofensiva em Gaza
Desde o fracasso das negociações, Israel ameaçou lançar uma nova ofensiva terrestre para retomar o controle da Cidade de Gaza — área já ocupada nos primeiros meses da guerra, mas da qual suas tropas se retiraram em seguida. O governo israelense afirma que militantes do Hamas se reagruparam e agora adotam táticas de guerrilha urbana, dificultando as operações militares.
Testemunhas relataram que aviões e tanques israelenses bombardearam novamente o distrito de Zeitoun, matando sete pessoas em duas casas. Outras quatro morreram em um prédio de apartamentos no centro da cidade. No sul do enclave, cinco pessoas, entre elas uma criança, morreram em um ataque aéreo a uma residência em Khan Younis, e outras quatro em uma ofensiva contra um acampamento de barracas em Mawasi, próximo à costa.
As Forças Armadas de Israel disseram que estão analisando os relatos, mas afirmaram que suas tropas tomam medidas para reduzir danos a civis. Segundo comunicado, dezenas de militantes teriam sido mortos no norte de Gaza no último mês, e túneis usados pelo Hamas foram destruídos.
Críticas internas e alerta da ONU
O plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de ampliar o controle militar sobre Gaza tem gerado forte reação internacional e também críticas internas. O chefe do Exército de Israel alertou que uma nova incursão poderia colocar em risco os reféns ainda vivos e representar um alto custo para as tropas.
A comunidade internacional também expressa preocupação com o agravamento da crise humanitária, especialmente com a fome e o deslocamento em massa da população palestina. Mais de dois milhões de pessoas estão desabrigadas na Faixa de Gaza, e grande parte do território está destruída.
Fome e desnutrição matam crianças
O Ministério da Saúde de Gaza informou que mais cinco pessoas, incluindo duas crianças, morreram de fome e desnutrição nas últimas 24 horas, elevando o total de mortos por essas causas para 227, sendo 103 crianças, desde o início da guerra.
Israel contesta os números divulgados pelo ministério, que opera sob administração do Hamas, mas organizações humanitárias da ONU já alertaram repetidamente para o risco de fome generalizada na região.
Conflito já matou mais de 61 mil palestinos
A guerra teve início em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas contra o sul de Israel, que deixou 1.200 mortos e resultou no sequestro de 251 pessoas, segundo dados do governo israelense. Desde então, as ações militares de Israel em Gaza já provocaram a morte de mais de 61 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde local, e transformaram o enclave em um dos maiores desastres humanitários do século.
A comunidade internacional aguarda os desdobramentos das negociações no Egito, enquanto os bombardeios continuam e a população de Gaza segue enfrentando escassez crítica de comida, água potável e abrigos.