“Careca do INSS” nega fraudes contra aposentados em depoimento à CPMI da Previdência
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“Careca do INSS” nega fraudes contra aposentados em depoimento à CPMI da Previdência

25/09/2025 | 13:36 Por Redação MZ

O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, negou nesta quinta-feira (25) qualquer envolvimento em fraudes contra aposentados e pensionistas. Preso pela Polícia Federal no último dia 12, Antunes prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios de recursos da Previdência Social e declarou que o apelido pelo qual ficou conhecido é “um personagem fictício”.

 

“Falo olhando nos olhos de cada um de vocês: não sou, nunca fui e nunca serei esse personagem inventado”, afirmou. Segundo ele, o “rótulo” foi criado pelo empresário Eli Cohen e disseminado por veículos de imprensa e redes sociais com base em interpretações equivocadas de e-mails trocados entre entidades privadas.

 

Apesar da tentativa de desassociar sua imagem do apelido, parlamentares continuaram a se referir ao investigado como “Careca do INSS” durante a audiência — inclusive de forma irônica. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), chegou a chamá-lo diretamente de “Senhor Careca”, o que irritou a defesa.

 

Negativa de participação e tensão na audiência

 

Em sua fala, Antunes afirmou que é “um empreendedor nato” e sustentou que sua empresa prestou apenas serviços administrativos para associações de aposentados, negando qualquer envolvimento com descontos irregulares em benefícios previdenciários. “Toda minha prosperidade é fruto de trabalho honesto e dedicado. Nunca possuí patrimônio oriundo de prática ilícita”, afirmou.

 

A Polícia Federal, no entanto, aponta que empresas ligadas a Antunes atuaram como intermediárias financeiras em um esquema de desvio milionário, que teria lesado milhares de aposentados e pensionistas. De acordo com as investigações, o empresário teria recebido ao menos R$ 53 milhões de entidades de classe, com parte desses recursos sendo repassada a pessoas ligadas ao INSS. A PF também aponta tentativa de ocultação de bens e relatos de ameaças a testemunhas.

 

Durante a audiência, Antunes se recusou a responder perguntas do relator Alfredo Gaspar, alegando parcialidade. Gaspar, por sua vez, afirmou que o empresário é “autor do maior roubo aos aposentados da história do Brasil”, o que gerou uma reação imediata da defesa. O advogado de Antunes, Cleber Lopes, contestou a fala, e o clima na CPMI esquentou. O deputado Zé Trovão (PL-SC) chegou a se dirigir à mesa em tom agressivo, e a sessão foi temporariamente suspensa pelo vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), para conter os ânimos.

 

Defesa e acusações

 

A defesa sustenta que a prisão preventiva de Antunes — determinada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF) — se baseia em informações falsas fornecidas por adversários comerciais. Antunes nega ainda qualquer tentativa de ocultar patrimônio ou coagir testemunhas.

 

Já a PF vê o empresário como um dos articuladores centrais do esquema, ao lado de Maurício Camisotti, outro investigado no caso. Segundo os investigadores, ambos teriam influência política e atuariam há anos explorando ilegalmente dados e benefícios de segurados do INSS.

 

A CPMI da Previdência segue em andamento no Congresso Nacional, e novas oitivas estão previstas para as próximas semanas. O caso pode dar origem a pedidos de indiciamento e reforçar propostas legislativas voltadas ao combate de fraudes no sistema previdenciário.