A saída do diretor Elerson de Lima da Cadeia Pública de Castro, anunciada de forma repentina, causou grande repercussão entre autoridades, instituições e entidades parceiras da unidade. À frente da direção desde 2020, Elerson deixa um legado marcado por organização, projetos de ressocialização e avanços estruturais, que transformaram a cadeia em uma das referências do Paraná — e até do Brasil.
Entre as últimas novidades de sua gestão está a implantação efetiva da Polícia Penal na unidade, com a designação de cinco policiais para dar suporte aos monitores de ressocialização. A medida fortaleceu a segurança e a organização interna, beneficiando tanto os servidores quanto os custodiados.
O juiz de Direito da Vara Criminal de Castro, Dr. Gyordano B. W. Bordignon, destacou a importância do trabalho desenvolvido por Elerson. Segundo ele, a unidade, sob sua gestão, tornou-se “uma Cadeia Pública modelo”, com projetos voltados à comunidade carcerária e à sociedade castrense, refletindo diretamente na qualidade do serviço judiciário. “Organização, competência e abnegação são apenas algumas de suas características, visíveis nas rotinas da unidade e no respeito que os presos têm por sua pessoa”, afirmou.
Entre os projetos implantados estão a panificadora gerida pelos próprios internos, serviços de profissionalização nas áreas têxtil e de construção civil, além de diversas outras iniciativas voltadas à ressocialização. Também foi ressaltada sua preocupação com os servidores públicos e terceirizados que atuam na unidade.
A Prefeitura de Castro também se manifestou, lamentando a saída, definida como uma decisão de ordem pessoal. Em nota, o município reconheceu que a atuação de Elerson trouxe avanços significativos tanto na estrutura física quanto na gestão administrativa da cadeia, além de fortalecer a parceria com o poder público nas políticas de segurança.
Empresas e entidades parceiras também prestaram reconhecimento. Em manifestação assinada por Tatiana Gunzel Heidmann, da Construtora Campos Gerais, CGaço e Becomplast, foi destacado que, nos últimos 11 meses, sua presença e apoio foram fundamentais para o fortalecimento de projetos conjuntos com o DEPPEN.
A OAB de Castro igualmente lamentou sua saída e ressaltou que muitas conquistas, inclusive a criação de uma sala para advogados e parlatórios presenciais, só foram possíveis graças ao trabalho conjunto com Elerson.
Já o Conselho da Comunidade de Castro, por meio da presidente Marli Pejanoski, afirmou ter recebido a notícia com espanto, diante do papel fundamental que ele desempenhou na reestruturação do espaço físico e na inserção dos privados de liberdade em projetos sociais e profissionais. “Seu histórico de resultados, postura ética e compromisso com o serviço público seguem sendo referências importantes”, pontuou.
Procurado, o Ministério Público do Paraná (MPPR) ainda não havia se manifestado até o fechamento desta matéria. Já a Polícia Penal do Paraná informou que mudanças de gestão fazem parte da rotina administrativa do departamento e ocorrem conforme as necessidades institucionais ou dos servidores.
Em publicação nas redes sociais, Elerson afirmou que o momento é de encerrar ciclos e que agora estará 100% focado em sua família e em projetos pessoais. “MISSÃO DADA… É MISSÃO CUMPRIDA. Que venha mais uma fase de muitas conquistas! Deus no Comando Sempre!”, escreveu.
Elerson constituiu família em Castro e atuou como policial penal da SOE até o final de 2019, quando assumiu a direção da unidade. Desde então, não houve registros de rebelião, fugas ou óbitos, em contraste com problemas enfrentados anteriormente, especialmente antes de 2018, quando a cadeia ainda funcionava na delegacia local.
Sua saída acontece às vésperas do Natal. A Cadeia Pública de Castro mantém um projeto com a Igreja Universal, por meio do programa Universal nos Presídios, que inclui a distribuição de panetones, alimentos e a realização de batismos. Elerson confirmou que as ações estão mantidas para este ano.
Ele segue na liderança da unidade até esta quarta-feira (3), encerrando oficialmente um ciclo marcado por avanços, reconhecimento institucional e forte impacto social em Castro e região. A saída do respeitado gestor repercute na cidade local devido ao seu lado ético, humano e competente, muitas vezes não visto em outras unidades carcerárias.