A comunidade da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Castro, transformou uma tragédia em testemunho de fé e solidariedade. No domingo (31), a resposta aos estragos causados pelo granizo que destruiu o telhado da igreja matriz em 26 de agosto foi marcada por gestos concretos de união, desde a celebração das missas com o bispo Dom Bruno Elizeu Versari até um mutirão de limpeza com dezenas de voluntários.
Logo pela manhã, Dom Bruno celebrou duas missas, às 8h e às 10h, para melhor acomodar a comunidade no salão paroquial – que serviu como espaço provisório após a destruição do templo. O bispo diocesano enfatizou a importância da união neste momento desafiador: “Numa hora difícil, eu quero estar próximo para rezar e apresentar reflexão para possíveis caminhos para reconstruir. A casa da Mãe está sem teto, mas nossa fé permanece intacta. Vamos nos unir em uma ação, pedindo a contribuição de todas as pessoas”.
Sua presença, como destacou o padre Pedro Claudio Mendes, vigário paroquial, foi um sinal de que a comunidade não está sozinha: “A presença do bispo nos faz recordar aquelas palavras do Papa Francisco: um pastor com cheiro de ovelhas. Mais do que discursos, é a presença que consola e edifica”.
Às 13h, a dinâmica mudou do espiritual para o prático, mas sem perder a dimensão sagrada. Cerca de 70 voluntários, incluindo leigos e padres, reuniram-se para um mutirão de limpeza. Com pás, carrinhos de mão, vassouras e uma lavadora de alta pressão, retiraram os entulhos do telhado desabado e lavaram o piso da igreja, devolvendo-lhe a dignidade. Enquanto isso, no salão paroquial, o Santíssimo Sacramento permanecia exposto em adoração contínua, criando um elo simbólico entre o trabalho manual e a oração. O diácono Jefferson Sanchez observou: “Foi muito bonito perceber como oração e trabalho se encontraram em perfeita sintonia. Enquanto alguns rezavam diante de Jesus, outros serviam na limpeza. Tudo para a glória de Deus”.
Além do mutirão, a comunidade lançou uma campanha de doações via PIX campanhasperpetuo@gmail.com para angariar recursos necessários à reconstrução do telhado e da estrutura da igreja. Essa iniciativa, conforme explicou Dom Bruno, é apenas o primeiro passo de um projeto maior que visa não apenas restaurar o edifício, mas fortalecer a comunhão entre os fiéis. Para o diácono Jefferson, que será ordenado padre neste mesmo templo em dezembro, o momento tem um significado profundamente pessoal e coletivo: “Esta igreja guarda para mim um significado ainda mais profundo. Vejo no esforço de todos nós não apenas a reconstrução de um espaço físico, mas a renovação da nossa fé e do nosso compromisso de sermos Igreja viva e unida”.
O padre Pedro resumiu o sentimento geral ao comparar a experiência com a dos discípulos de Emaús: “Após a cruz, os discípulos estavam fragilizados, mas redescobriram a esperança na comunidade e na presença de Cristo. Aqui, vivemos o mesmo: a certeza de que, quando cuidamos uns dos outros, Deus se manifesta”. A reconstrução da Casa da Mãe do Perpétuo Socorro já começou – não apenas com recursos materiais, mas com a força inquebrável de uma comunidade que escolheu transformar dor em esperança.
“Vejo no esforço de todos nós não apenas a reconstrução de um espaço físico, mas também a renovação da nossa fé e do nosso compromisso de sermos Igreja viva e unida, dispostos a reconstruir a casa da mãe”, reforça o diácono Jefferson.
