O Colégio Agrícola Augusto Ribas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Caar-UEPG) se destacou na avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. Os resultados divulgados neste mês pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo exame, revelam que o Caar figura como a escola pública mais bem colocada no ranking de Ponta Grossa.
A nota alcançada foi de 565,95, maior do que a média nacional, que neste ano foi de 514 pontos. Com essa avaliação, o Caar alcançou a 10ª posição na cidade de Ponta Grossa, atrás apenas de instituições particulares. Em todo o país, 22.718 escolas participaram do Enem 2024.
“A gente não forma só técnicos agrícolas — a gente forma pessoas. É uma formação para a vida”, enfatiza o diretor do Colégio Agrícola, Alcebíades Baretta. Segundo ele, a experiência vivida no Colégio Agrícola é intensa e transformadora: “Como o colégio funciona em tempo integral, com aula o dia todo, os estudantes passam por um grande processo de crescimento. Todo esse conhecimento que eles adquirem aparece nas avaliações externas, que refletem a qualidade do ensino que oferecemos”.
A busca pela qualidade já vem na forma de ingresso. Há um Processo Seletivo, do qual participam egressos do 9º ano. A avaliação é composta por 50 questões de múltipla escolha das disciplinas de Português, Matemática, Geografia, Ciências e História. As provas costumam acontecer no mês de outubro de cada ano e as inscrições para o próximo processo seletivo, para ingresso em 2026, abrem em 05 de agosto neste link.
Prática e teoria, aliadas
Para alcançar os bons resultados e possibilitar o contato prático com a terra e com a criação de animais, os alunos do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio contam com uma matriz curricular rotativa e adaptativa, que busca adequar o ensino ao perfil dos alunos, conforme explica a coordenadora do curso, a engenheira agrônoma Heloísa Madalena Giovanetti. Isso porque pode ocorrer que as disciplinas práticas não estejam em um semestre, mas que sejam inseridas em forma de projetos, possibilitando a todos terem contato com as práticas agropecuárias. “Então, para os alunos das primeiras séries, a gente oferece o projeto, que é uma maneira do aluno ter uma visão da produção de hortaliça, dele entender todo o processo, como que a gente produz e a gente trabalha com eles de uma forma didático-pedagógica”, afirma Heloísa.
Heloísa também compartilha uma percepção pessoal: quem passa pelo colégio tem continuado os estudos na própria UEPG. “Muitos deles fecham o ciclo fazendo um curso superior na universidade, como, por exemplo, Zootecnia, Agronomia e Biologia. São cursos mais voltados para o técnico em agropecuária que eles aprendem”, comenta.
Nos últimos dias, após o recesso escolar e período de frio extremo e chuvas, as aulas práticas foram reforçadas. O zootecnista e diretor técnico do Colégio Agrícola, Anderson Rodolfo de Araújo, explica que essas formações são muito aguardadas pelos alunos, mas, que nos últimos dias, devido às condições climáticas, precisaram ser substituídas por aulas mais teóricas e outras atividades pedagógicas. “É uma das aulas preferidas dos alunos, porque é o momento em que eles saem da sala de aula e conseguem ver e aplicar aquilo que eles estão vendo no quadro, nos livros, nas explicações”, comenta Anderson.
Estão previstos trabalhos como semeadura, preparo do solo e transplante de mudas. E enquanto as plantas vão crescendo, há o processo de capinas, irrigação e, finalmente, a colheita. No caso das hortaliças, parte da produção vai para as mesas do próprio Restaurante Universitário, onde os alunos têm as refeições diárias. “Então, eles participam de todo o ciclo de produção e têm uma experiência única”, completa Anderson.
Estudar no Agrícola
Pedro Henrique Pelissaro Ribeiro é de Imbaú e mora no internato que o Caar proporciona. Ele está no terceiro ano do ensino médio e pensa em prestar vestibular de agronomia. “Meu avô é do agronegócio e eu quero dar continuidade. Gosto muito de estudar aqui, dá uma base muito boa”, explica. É uma história parecida com a de Guilherme Stella Borato. “Meu pai sempre esteve no meio da agricultura e, além de estudar aqui, já estou no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) de Agronomia da universidade. No futuro, penso ser veterinário”, comenta.
Em muitos casos, estudar no Agrícola é coisa de família. A irmã de Isadora Cunha, de Reserva, estudou no Caar e faz Agronomia. “Ela falou muito bem do Colégio, disse que dava uma base muito boa para Agronomia e por isso eu vim para cá”, explica. Agora, a irmã mais nova pensa em seguir o mesmo caminho – assim como Aquiles Soares Agustinho, que seguiu os passos do irmão mais velho. “Cresci ouvindo as histórias do meu irmão, de que aqui era bom, que abria a mente para o mundo. Vim conferir e estou se formando”, disse.
Já Dominiki Tozetto chegou por indicação de amigos que já estudavam. Fez a prova, passou e não se arrepende. “Tenho família que trabalha com agronegócio em Ipiranga e aqui fui bem acolhida, fiz muitas amizades e aprendi muita coisa”, explica a jovem. Para Etyenne França de Jesus, o Caar abre muitas portas profissionais. “Vou terminar aqui e pretendo ser veterinária no futuro”, comenta.
Histórico de qualidade
O vice-diretor, Douglas Panzarini Taques, foi aluno da instituição e voltou para trabalhar no Colégio, onde atua como técnico e professor há 40 anos. Ele observa que o perfil dos alunos mudou em parte, muito na parte da tecnologia, mas, que “basicamente, os alunos que vêm para cá ainda são do interior”. Alguns ficam para continuar com os estudos como universitários e outros voltam para cuidar das propriedades dos pais. “Nossos alunos são bem colocados no mercado de trabalho, tanto com o nível superior que fazem depois, quanto como técnicos agrícolas”, completa.
Um ex-aluno que entrou mais recentemente para servir como técnico agrícola e ensinar aos antigos colegas é Mateus José Martins. Segundo os supervisores, tem feito um bom trabalho. “Foi aqui que eu vivi três anos de aluno e onde estou trabalhando agora. O Colégio Agrícola é a minha segunda casa e a minha segunda família”.
Em 17 de setembro de 2025, o Colégio Agrícola Augusto Ribas completa 88 anos. Um pouco dessa história foi contada nesta reportagem, disponível no site da UEPG.