O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou hoje, (13), que o encontro de assessores do Ministério da Justiça com a mulher de um líder do Comando Vermelho é um exemplo de como o crime organizado se estabeleceu na sociedade. Defendeu ainda que o assunto seja tratado “com a seriedade que ele merece” em meio à repercussão do caso, que envolve pedido de impeachment do chefe da pasta, Flávio Dino.
“Não tenho dados para emitir juízo sobre isso (encontro no Ministério da Justiça). Temos que nos preocupar com a questão do crime organizado como tal. De alguma forma, ele encontrou meios e formas de se situar na sociedade brasileira. Tem se falado muito, por exemplo, da mistura que há entre o crime organizado e a política”, afirmou o ministro. “Acho que precisamos dar atenção a isso e de fato tratar do tema com a seriedade que ele merece.”
A declaração de Gilmar Mendes foi feita em conversa com jornalistas após evento em São Paulo. Nesta segunda-feira, conforme o jornal Estadão assessores do ministro da Justiça, Flávio Dino, receberam dentro do prédio do ministério uma integrante do Comando Vermelho duas vezes neste ano. Luciane Barbosa Farias esteve em audiências com dois secretários e dois diretores da pasta de Dino num período de três meses. O nome dela não consta das agendas oficiais.
O Ministério da Justiça admite que a “cidadã”, como se referem a Luciane, foi recebida por secretários do ministro Flávio Dino, mas afirma que ela integrou uma comitiva e era “impossível” o setor de inteligência detectar previamente a presença dela. Agendas públicas de autoridades costumam trazer informações sobre os demais participantes das reuniões, e não apenas da pessoa que pediu a agenda. A falta de controle pode inclusive representar um risco para os servidores.
Parlamentares pedem que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, seja convocado a prestar esclarecimentos, investigado e, até mesmo, alvo de impeachment em razão das revelações. O ministro fez críticas a parlamentares de oposição e jogou a responsabilidade para o secretário de Assuntos Legislativos, Elias Vaz, que disse que Luciane estava como “acompanhante” e “se limitou a falar sobre supostas irregularidades no sistema penitenciário”.