A defesa de Daniel Silveira enviou uma nota à imprensa, com esclarecimentos sobre as informações equivocadas, amplamente divulgadas a respeito do falecimento de Daniel Silveira, 36 anos, baleado e morto após uma perseguição da Guarda Civil Municipal (GCM) de Ponta Grossa, durante a noite de terça-feira (14), na região do Nova Rússia.
A advogada da família, dra. Sirlene Campos, explica que não houve qualquer confronto — fato este inequivocamente corroborado pelo teor do próprio Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela GCM. “Causa estarrecimento e perplexidade a propagação de uma versão que insinua a existência de um suposto confronto, fundamentada em informações atribuídas aos agentes presentes no local do ocorrido, os quais, contraditoriamente, registraram posteriormente um relato oficial absolutamente distinto”, explica a nota da advogada.
Ainda, a advogada afirmou que Daniel Silveira não possuía antecedentes criminais, tampouco há acusações ou declarações que sugiram que tenha portado, a qualquer momento, qualquer tipo de armamento. “Pelo contrário, testemunhos prestados por familiares e amigos atestam sua conduta irrepreensível: tratava-se de um jovem
trabalhador, íntegro e honesto, além de pai devotado de três filhos menores. No momento fatídico, Daniel regressava do seu trabalho, na sua rotina habitual”, complementou a defesa.
Além disso, dra. Sirlene Campos explicou que “não se pode ignorar o contexto que envolve uma atuação da Guarda Municipal, que, constando no BO, teria executado uma ação análoga a uma operação de “inteligência” para abordar um cidadão cuja única pendência seria em um mandado de prisão civil oriundo de inadimplência alimentar”.
A advogada ainda informou que familiares e amigos de Daniel Silveira clamam por uma apuração rigorosa, célere e transparente dos fatos, almejando que a verdade prevaleça, restaurando a dignidade de sua memória e trazendo alento a todos que o amavam. “Por derradeiro, não se olvida a relevância das forças de segurança para a sociedade, mas reitera-se a necessidade de que atuem rigorosamente pautadas por padrões éticos inquestionáveis e no estrito cumprimento da legalidade”, finalizou a nota.
O que diz a GCM?
“Em relação à ocorrência envolvendo uma perseguição e tentativa de fuga registrada na noite desta terça-feira (14), no bairro Nova Rússia, a Secretaria de Cidadania e Segurança Pública informa que está realizando o levantamento das circunstâncias envolvendo o caso e já deu início aos procedimentos cabíveis. Sobre o caso, as informações preliminares dão conta de que a situação aconteceu durante abordagem a um veículo seguida de fuga do suspeito, que possuía mandado de prisão em aberto.
Durante a perseguição, o suspeito tentou atingir a equipe com o veículo, sendo que um agente do Grupo Especial Tático com Motocicletas (GETAM) da GCM foi atropelado e ferido. No decorrer da ação, foram realizados disparos de arma de fogo, com o suspeito vindo a óbito. O guarda municipal foi encaminhado para atendimento médico e permanece internado, sem risco à vida. Por fim, a Secretaria informa que tão logo sejam consolidadas as informações da ocorrência, elas serão divulgadas”, disse o comunicado.
Procurada, a Guarda Civil Municipal informou que a Corregedoria da GCM abre um processo administrativo interno para averiguar os fatos da ocorrência. Esse é um procedimento padrão, que é instaurado sempre que há uma situação de disparo de arma de fogo envolvendo o efetivo da Guarda. A Polícia Civil, que esteve no local dos fatos, também vai acompanhar e investigar o caso.
Comoção
A morte de Daniel causou muita repercussão e revolta entre familiares, amigos e conhecidos dele. O rapaz será sepultado no início da tarde desta quinta-feira (16), no Cemitério Parque Jardim Paraíso. O velório do corpo segue sendo realizado na Capela da Funerária Princesa.