Doação simbólica de R$ 1 liga investigado por fraude bilionária à campanha de Bolsonaro
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Doação simbólica de R$ 1 liga investigado por fraude bilionária à campanha de Bolsonaro

30/04/2025 | 12:58 Por redacao mz

Um personagem central em um dos maiores esquemas de fraudes já investigados pela Polícia Federal contra o INSS chamou atenção por uma doação simbólica feita durante as eleições de 2022. Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, depositou R$ 1 para a campanha de Jair Bolsonaro (PL) no dia 12 de setembro daquele ano — valor irrisório, mas que consta nos registros oficiais da Justiça Eleitoral.

Antunes é apontado pela Polícia Federal (PF) como peça-chave na engrenagem de um esquema que movimentou cifras bilionárias por meio de descontos indevidos em aposentadorias e pensões de beneficiários da Previdência Social. Segundo relatório da Operação Sem Desconto, ele comandava uma rede de empresas e entidades que operavam como fachada para intermediar recursos desviados, com a ajuda de servidores públicos e procurações que lhe permitiam agir legalmente em nome das associações.

Ao todo, a PF identificou 22 empresas ligadas ao empresário, muitas delas estruturadas como Sociedades de Propósito Específico (SPEs) — uma estratégia usada, segundo os investigadores, para ocultar os verdadeiros beneficiários dos desvios. As movimentações financeiras são expressivas: um banco revelou que apenas entre dois meses, Antunes girou R$ 4,2 milhões em suas contas pessoais.

A teia de beneficiários do esquema inclui figuras de alto escalão do INSS. Parte dos recursos teria sido direcionada à esposa de Virgilio Antonio Ribeiro de Oliveira, ex-procurador-geral da instituição, afastado na semana passada. Outros nomes mencionados incluem Alexandre Guimarães, que chefiava a área de Governança e Planejamento do INSS, e o escritório do filho de André Fidelis, também ex-diretor do órgão.

Embora a doação de R$ 1 não represente relevância financeira, o gesto conecta, ainda que simbolicamente, o empresário investigado a uma das campanhas presidenciais mais polarizadas da história recente do país. A Operação Sem Desconto continua em andamento, e a PF promete aprofundar as apurações sobre o envolvimento de todos os agentes públicos e privados citados.