A recente vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, poucos dias antes da cúpula do G20, gera apreensão sobre o comprometimento americano com os acordos a serem firmados no evento. Para especialistas, a postura isolacionista de Trump, já demonstrada durante seu mandato anterior ao retirar o país do Acordo de Paris, pode comprometer a continuidade dos compromissos assumidos pelo atual governo norte-americano.
A Cúpula do G20 deste ano, presidida pelo Brasil, acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 18 e 19 de novembro e reunirá os principais líderes mundiais para consolidar acordos traçados ao longo de 2023. Mesmo que o evento ainda ocorra sob a liderança de Joe Biden, qualquer compromisso firmado ali estará sob a responsabilidade de Trump em janeiro. “Isso é algo que preocupa o mundo inteiro porque a economia dos Estados Unidos ainda é a maior do mundo”, diz o pesquisador Vitelio Brustolin, da Universidade de Harvard, que observa a possibilidade de temas como meio ambiente e combate à fome ficarem em segundo plano com Trump.
A participação de Biden na cúpula também traz dúvidas quanto ao tom que adotará. O professor Márcio José Melo Malta, da Universidade Federal Fluminense, sugere que Biden poderia aproveitar a ocasião para reforçar o papel do G20 em seu mandato. “Seria uma ótima oportunidade para Biden, no seu final de mandato, na perspectiva de legado. Uma ótima oportunidade para tentar encerrar o mandato com chave de ouro e enaltecer o papel do G20”, afirma.
Ainda assim, mesmo com incertezas, a professora Lia Valls, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, acredita que as discussões realizadas até agora no G20 não serão perdidas. Ela destaca que “um governo do Trump tem impactos importantes, sem dúvida nenhuma. Mas, pelo menos, será possível mostrar onde conseguimos chegar, a convergência em vários assuntos”.
Com informações: Agência Brasil| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil