O cenário eleitoral se mostrou desolador para a esquerda nas eleições de 2024, com um aumento significativo na votação do PL (Partido Liberal), que se consolidou como a base do bolsonarismo.
O PL registrou um crescimento impressionante de mais de 10 milhões de votos em relação a 2020, enquanto, com exceção do PCO, a maioria dos partidos da esquerda – como PT, PSOL, PCB e UP – apresentou apenas um aumento marginal ou até mesmo quedas, como no caso do PCdoB e PSTU. Esses foram amplamente apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Das 26 capitais do país, candidatos coligados com a esquerda foram apenas três eleitos- João Campos (PSB), no Recife; Eduardo Paes (PSD)- mas apoiado pelo PT e o governo federal, no Rio de Janeiro e Evandro Leitão (PT), em Fortaleza.
Nas principais capitais do Brasil, a direita, seja tradicional ou bolsonarista, dominou quase todas, exceto em Fortaleza, onde o PT obteve a vitória. A ideia de que todas as cidades são igualmente relevantes para a análise do panorama político se mostra equivocada; a polarização política está mais viva do que nunca, desafiando a narrativa de que o ambiente eleitoral está se tornando homogêneo.
Durante o segundo turno, o PT buscava conquistar prefeituras em várias cidades, incluindo Camaçari (BA), Caucaia (CE), Olinda (PE) e São Paulo (SP), onde apoiava o candidato Guilherme Boulos (PSOL). Até às 19h, o partido conseguiu vitórias em Camaçari, Fortaleza, Mauá e Pelotas, mas sofreu derrotas em locais estratégicos como Caucaia, Natal e Porto Alegre.
O PT, que é o partido do atual presidente, teve um desempenho alarmante, conquistando apenas Fortaleza, apesar de estar no poder federal. Em 2016, em meio ao processo de impeachment, o partido elegeu apenas um prefeito de capital, e em 2020 não obteve nenhuma vitória. Agora, em 2024, a situação se repetiu, com a sigla garantindo apenas uma prefeitura.
Particularmente em São Paulo, o fracasso foi acentuado. O PT optou por apoiar um candidato do PSDB, Guilherme Boulos, que, durante a campanha, apresentava um discurso que se aproximava cada vez mais do de seu adversário, Ricardo Nunes (MDB). As alianças com setores da direita e a falta de um programa sólido de luta contribuíram para essa derrocada. A ausência de candidatos próprios e a dependência da imagem de Lula não foram suficientes para galvanizar o apoio popular.