Família de Maguila doa cérebro de ex-pugilista para estudo
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Família de Maguila doa cérebro de ex-pugilista para estudo

25/10/2024 | 20:05 Por Redação MZ

A família do ex-pugilista José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, doou o cérebro do atleta para a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com o objetivo de contribuir para estudos sobre a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). Maguila, que conviveu com a doença por quase duas décadas, faleceu na última quinta-feira (24), aos 66 anos. A ETC é um transtorno degenerativo ligado aos impactos frequentes na cabeça, comuns em esportes de contato.

“Resolvemos, em vida, pela doação do cérebro dele. Foi feito isso ontem [quinta-feira]”, afirmou Irani Pinheiro, viúva do ex-boxeador, durante o velório na Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta sexta-feira. O órgão foi entregue ao Biobanco para Estudos em Envelhecimento da FMUSP, onde também estão cérebros de outros dois esportistas diagnosticados com a mesma doença, o pugilista Éder Jofre e o ex-jogador Bellini, capitão do Brasil na Copa de 1958.

A coordenadora do Departamento Científico de Traumatismo Cranioencefálico da Academia Brasileira de Neurologia, Maria Elisabeth Ferraz, reforçou a importância da doação para pesquisas futuras. “A importância da disponibilidade do tecido cerebral desses atletas é enorme para a pesquisa e a ciência, pois, no fim, [o resultado] reverte para todo mundo”, comentou. A médica também ressaltou que identificar biomarcadores e realizar exames precoces podem ajudar a evitar que os indivíduos continuem expostos a traumas na cabeça.

Além de ser um tema comum nos esportes de contato, a encefalopatia também preocupa especialistas em violência doméstica. Segundo dados recentes, cerca de oito mulheres por dia foram vítimas de agressões em 2023, muitas delas sofrendo traumas repetidos. “Qualquer tipo de impacto que se repita no cérebro pode levar a alterações cognitivas, degenerativas e comportamentais”, alertou Maria Elisabeth, destacando que mulheres e crianças expostas a violência crônica podem desenvolver danos neurológicos graves.

Com informações: Agência Brasil| Foto:  Paulo Pinto/Agência Brasil

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