Instituto Butantan envia pedido para início de estudos em humanos de vacina contra a gripe aviária
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Instituto Butantan envia pedido para início de estudos em humanos de vacina contra a gripe aviária

10/08/2024 | 11:30 Por Redação Modificado em 10, agosto, 2024 9:00

O Instituto Butantan solicitou nesta sexta-feira (9) à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorização para iniciar os testes em humanos de sua vacina contra a gripe aviária. O desenvolvimento do imunizante, voltado para o vírus influenza monovalente tipo A (H5N8), visa avaliar sua segurança e capacidade de gerar resposta imunológica. Ensaios pré-clínicos já foram realizados, e um lote da vacina foi preparado para dar seguimento à pesquisa.

Esper Kallás, Diretor do Instituto, destacou que o objetivo principal não é a comercialização imediata, mas sim a criação de um estoque estratégico. “Ter uma vacina pronta, com uma plataforma já testada, que mostra que produz anticorpos [nos participantes], é o nosso objetivo. Não é para já comercializar, mas para propor um estoque estratégico para, caso o Ministério da Saúde precise acionar, o Butantan estará pronto para fornecer”, afirmou. O Instituto já havia anunciado em março de 2023 que estava desenvolvendo uma vacina contra a gripe aviária, inicialmente voltada para a cepa H5N1, que circula em regiões como Europa, Estados Unidos e Austrália, mas optou por avançar com a versão contra o H5N8, considerada altamente patogênica.

Gustavo Mendes, diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos do Butantan, explicou que a produção da vacina baseada na variante H5N8 é uma medida preventiva, considerando o risco elevado do vírus causar graves problemas respiratórios e óbitos em humanos. Ele destacou que a taxa de letalidade por gripe aviária pode ser alarmante, chegando a 53% dos casos. Mendes ressaltou que o pedido de autorização para a Anvisa é parte de um plano para se antecipar a uma possível necessidade, indicando que o Instituto também está desenvolvendo novas tecnologias para acompanhar possíveis mudanças no vírus.

O vírus influenza é classificado em diferentes linhagens e subtipos, com várias combinações de hemaglutininas e neuraminidases, que determinam a resposta imunológica induzida pelas vacinas. A vacina contra gripe disponível na rede pública inclui cepas do tipo A e B, enquanto a versão tetravalente, disponível na rede privada, oferece uma cobertura mais ampla. A OMS (Organização Mundial da Saúde) atualiza anualmente a lista de cepas circulantes para a produção de vacinas, e os estudos em andamento buscam preparar o país para uma eventual epidemia de gripe aviária ou outra variante que possa afetar os humanos.

Casos recentes de transmissão da gripe aviária entre mamíferos aumentaram a preocupação com o potencial epidemiológico do vírus. Desde 2022, diferentes cepas da gripe aviária têm sido registradas na América do Sul, incluindo o Brasil, causando a morte de aves e alguns mamíferos. No Brasil, apesar de não haver casos registrados em humanos, a circulação do vírus já impactou a avicultura, e o Ministério da Agricultura e Pecuária declarou emergência zoossanitária em maio de 2023 para lidar com a ameaça da influenza aviária no país.

Com informações: Folhapress

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