Irã poderia realizar um ‘grande ataque’ contra Israel esta semana, diz Casa Branca
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Irã poderia realizar um ‘grande ataque’ contra Israel esta semana, diz Casa Branca

12/08/2024 | 17:18 Por Redação MZ Modificado em 12, agosto, 2024 5:18

 

Horas após enviar um submarino que tem capacidade de disparar mísseis ao Oriente Médio, a Casa Branca disse acreditar nesta segunda-feira (12)  que o Irã pode lançar “uma série de grandes ataques” contra Israel ainda esta semana.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby afirmou que a questão foi discutida por telefone entre o presidente Joe Biden e os líderes de França, Alemanha, Itália e Reino Unido. Em um comunicado conjunto, emitido após a chamada, os países pediram que o Irã “renuncie” às suas ameaças. A nação persa, porém, destacou ter o direito à resposta.

“Temos que estar preparados para o que pode ser um conjunto significativo de ataques”, alertou Kirby aos repórteres. “Compartilhamos as mesmas preocupações e expectativas que nossos colegas israelenses têm sobre a crescente probabilidade de que haja um ataque do Irã ou de seus representantes, talvez nos próximos dias”, complementa.

 

A região vive a expectativa de uma retaliação iraniana após o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, jurar “vingança” ao Estado judeu pela morte do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, atribuída a Israel. Haniyeh estava na nação persa para participar da posse do presidente Masoud Pezeshkian. Até o momento, Israel não assumiu nem negou o ataque.

 

“Embora enfatize a resolução de problemas através do diálogo, o Irã nunca se submeterá à pressão, às sanções, ao assédio e à agressão e, em linha com as normas internacionais, se reserva o direito de responder aos agressores”, informou o presidente recém-empossado através de um comunicado após uma chamada com o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, nesta segunda.

 

Em abril, Teerã chegou a enviar mais de 300 mísseis e drones contra Israel em resposta a um ataque atribuído a Tel Aviv contra um complexo diplomático iraniano em Damasco, na Síria. A maior parte foi abatida pelos sistemas de defesa de Israel. Um ataque posterior atribuído aos israelenses como parte de sua “tréplica” chegou a ser minimizado pelo então chanceler iraniano, Hossein Amir Abdollahian.

 

Para além da resposta de Teerã, também é esperado uma represália do grupo xiita libanês Hezbollah em resposta à morte do comandante Fuad Shukr, em Beirute. A ação no fim do mês passado foi confirmada pelo Exército israelense, que justificou o ataque afirmando que Shukr foi o responsável pelo bombardeio na cidade drusa de Majdal Shams, nas Colinas de Golã, que matou 12 crianças.

 

 

Tanto o Hezbollah quanto o Hamas fazem parte do “Eixo de Resistência” do Irã, que arma e financia grupos no Oriente Médio em sua guerra por procuração. Os ataques nas capitais, visto por muitos como uma provocação, elevaram o temor de uma expansão do conflito, até então restrito a Gaza e à fronteira no norte de Israel, onde israelenses e combatentes do Hezbollah trocam ataques diários.

 

Chegaram a circular nos bastidores que a comunidade internacional estaria costurando uma resposta diplomática, na qual o Irã usaria sua represália como moeda de troca para pressionar um cessar-fogo em Gaza. Mas, no sábado, a missão iraniana na ONU disse que a retaliação de Teerã “é totalmente alheia ao cessar-fogo” no enclave, argumentando que o país tem direito a autodefesa, informou a CNN. Ainda assim, a missão disse esperar que o ataque seja “cronometrado e conduzido de uma maneira que não prejudique o potencial cessar-fogo”.

 

Ao Parlamento, o ministro da Defesa Yoav Gallant afirmou que Israel está “em um período de alerta” e que “as ameaças de Teerã e Beirute poderiam se concretizar”. Em preparação, o Estado judeu havia “reforçado suas defesas” e preparado “ações ofensivas de represália”.

 

Frente ao risco de escalada no conflito cada vez mais concreto, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, pediu nesta segunda-feira que seus cidadãos deixem o Líbano o quanto antes.

“ Estamos fazendo certos preparativos para poder dar suporte no caso de tudo ficar muito, muito pior, mas a situação é tão difícil que podemos não conseguir tirar todos os canadenses”,  afirmou aos repórteres.

 

Carta conjunta

Na conversa com os líderes da França, Alemanha, Itália e Reino Unido, Biden instou “para que todos os líderes repetissem o que já disseram antes em termos de reafirmação da defesa de Israel” e que enviassem “uma mensagem forte de que não queremos ver nenhum aumento da violência, nenhum ataque do Irã ou de seus representantes”. O apelo de Biden foi feito logo após o presidente octogenário retornar ao Salão Oval depois de um longo fim de semana em sua casa de praia em Delaware.

 

 

Atendendo ao chamado do presidente americano, os países emitiram um comunicado pedindo que Teerã “renuncie às suas contínuas ameaças de um ataque militar contra Israel e discuta as graves consequências para a segurança regional que poderiam resultar se isso acontecer”. A declaração também expressou um forte apoio a um cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza e um acordo para libertações de reféns. Uma nova rodada de negociações foi marcada para quinta-feira.

 

Nesse contexto, a morte de Haniyeh também elevou os receios de que o ataque atribuído a Israel pudesse por em risco qualquer expectativa no avanço das negociações. Na última quinta, EUA, Catar e Egito deram um ultimato a Israel, alegando que “chegou a hora de concluir um cessar-fogo”. Tel Aviv confirmou que enviará uma delegação para as negociações, mas o Hamas ainda não, embora tenha sinalizado que deseja um acordo, informou a CNN.

 

O porta-voz da Casa Branca disse que as negociações “precisam avançar”, destacando que “todos precisam comparecer na quinta-feira”.

 

“Ainda acreditamos que essas negociações são importantes. Todos os negociadores devem retornar à mesa e fechar este acordo. É hora de fazer isso. Os detalhes são de tal natureza que achamos que podem ser discutidos”,  afirmou Kirby nesta segunda-feira.

 

Após a declaração conjunta, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também realizou uma chamada com Pezeskhian, na qual pediu para que “se abstenha de atacar Israel” e afirmou estar “profundamente preocupado com a situação na região”. O premier pediu ainda contenção às partes tensionadas e que “evitassem mais confrontos regionais”, informou um porta-voz de Downing Street.

 

Parceria com a Rússia

Os EUA também alertaram o Irã nesta segunda-feira sobre as consequências de armar a Rússia e afirmaram que foram informados de que Teerã fornecerá centenas de mísseis balísticos a Moscou. O porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, disse aos repórteres que Washington está “preparado para dar uma resposta rápida e severa” caso Teerã siga em frente com a transferência de mísseis balísticos, que, de acordo com relatórios aos quais têm acesso, seriam “centenas”.

 

“ Em nossa opinião, [o envio] representaria uma escalada dramática no apoio do Irã à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”,  pontuou o porta-voz.

 

Moscou recorreu a países sob sanções internacionais, incluindo a Coreia do Norte, em busca de equipamento militar para reforçar as suas operações na Ucrânia. Os Estados Unidos já impuseram sanções aos fornecedores de drones iranianos para a Rússia. Patel destacou que “as autoridades iranianas também continuam negando o fornecimento de UAV (aparelhos aéreos não tripulados) à Rússia quando a evidência é clara para o mundo de que a Rússia usou esses UAV em ataques implacáveis contra civis na Ucrânia, contra a infraestrutura civil”.

 

Nesse sentido, o porta-voz observou que Pezeshkian, considerado um reformista dentro do estado clerical, fez campanha na esperança de melhorar as relações com os EUA e os países europeus.

 

“Esta ambiguidade [de posicionamento] é apenas o mais recente lembrete à comunidade internacional de que o regime iraniano carece de credibilidade”,  disse o responsável americano. (Com AFP)

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