Em um marco histórico para a política japonesa, Sanae Takaichi, de 64 anos, foi eleita nesta terça-feira (21) como a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão. Deputada desde 1993 e figura de destaque do Partido Liberal Democrático (PLD), Takaichi assume o comando do país com uma agenda fortemente conservadora, marcada por posições de direita em temas sociais, militares e diplomáticos.
Conhecida por sua admiração pela ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, Takaichi se consolidou como uma das vozes mais firmes da ala ultraconservadora do PLD — legenda que governa o Japão de forma quase contínua desde o pós-guerra, mas que enfrenta queda de popularidade nos últimos anos.
A nova premiê, ex-baterista de uma banda de heavy metal, chega ao cargo após ter sido escolhida como líder do partido no início de outubro, com o apoio decisivo do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022. Considerada sua protegida política, Takaichi deve dar continuidade às diretrizes de Abe, especialmente nas áreas de defesa e economia.
Entre suas principais bandeiras está o fortalecimento das Forças Armadas japonesas, em um momento em que o país executa um plano de reestruturação militar de cinco anos, com o objetivo de dobrar o orçamento de defesa para 2% do PIB até 2027. Takaichi também adota uma postura mais dura em relação à China, reforçando o alinhamento do Japão com os Estados Unidos em temas de segurança regional.
No campo social, a nova primeira-ministra é contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e se opõe à reforma da lei civil que permitiria a casais manterem sobrenomes diferentes — uma proposta vista por defensores dos direitos das mulheres como essencial para a igualdade de gênero. Ela também defende que apenas homens possam herdar o trono imperial, mantendo a tradição milenar da monarquia japonesa.
Apesar de ser a primeira mulher a chefiar o governo do Japão, Takaichi tem histórico de resistência a medidas que promovam maior equidade de gênero, o que gera críticas de movimentos feministas e setores progressistas da sociedade japonesa.
Sua eleição ocorre em um contexto de desafios internos e externos para o Japão, incluindo a estagnação econômica, uma população envelhecida e tensões crescentes na Ásia. Analistas políticos esperam que seu governo represente uma continuidade da linha conservadora que marcou os últimos anos da política japonesa.
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