Jovem de 20 anos morre após ser estrangulada em motel
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Jovem de 20 anos morre após ser estrangulada em motel

25/09/2025 | 13:58 Por Redação MZ

Uma jovem de 20 anos, identificada como Júlia Ramilly Duarte, foi encontrada morta na manhã da última terça-feira (23) em um quarto de motel localizado às margens da rodovia PE-22, no município de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. O caso é investigado como feminicídio pela Polícia Civil de Pernambuco.

 

Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento mostram que Júlia chegou ao local por volta das 4h30 da madrugada, na garupa de uma moto conduzida por Djalma Diego Oliveira Deodato, de 25 anos. O casal entrou junto no quarto, e, cerca de três horas depois, por volta das 7h30, o homem saiu sozinho, afirmando aos funcionários que voltaria para buscá-la — o que não aconteceu.

 

Horas mais tarde, funcionários do motel, preocupados com a demora no check-out, entraram no quarto e encontraram o corpo da jovem com evidentes sinais de espancamento, asfixia e violência sexual. De acordo com laudo do Instituto de Médico Legal (IML), Júlia foi sufocada e apresentava diversos hematomas. O quarto estava com marcas de sangue nas paredes, e objetos teriam sido usados de forma cruel contra a vítima.

 

Suspeito foi preso e alegou versão incompatível

 

Djalma Diego foi localizado no mesmo dia pela Polícia Militar, na comunidade do Tururu, no bairro do Janga, também em Paulista. Ele foi preso em flagrante e conduzido para a Delegacia de Homicídios. Segundo a investigação, o suspeito ainda teria feito transferências bancárias do celular da vítima para sua própria conta após o crime.

 

Durante a audiência de custódia, a defesa de Djalma tentou alegar insanidade mental e pediu medidas cautelares, mas o pedido foi negado. A Justiça converteu a prisão em preventiva e determinou a transferência do acusado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

 

Em depoimento à polícia, Djalma afirmou que conheceu Júlia em um ponto de tráfico de drogas, onde ambos teriam consumido entorpecentes. Ele alegou que os dois foram juntos para o motel, tomaram um comprimido de remédio para dormir e que, ao acordar, encontrou a jovem sem vida. A versão foi considerada inconsistente pelas autoridades, especialmente diante das evidências físicas de violência.

 

Família e amigos contestam versão do suspeito

 

Amigos e familiares de Júlia desmentem a narrativa apresentada por Djalma. Uma amiga relatou que a jovem participou de uma festa com amigos e, após consumir bebidas alcoólicas, decidiu ir para casa utilizando um transporte por aplicativo. Ela afirmou desconhecer qualquer plano de Júlia para ir a um motel e disse nunca ter visto o suspeito antes.

 

Durante a madrugada, a jovem ainda trocou mensagens com amigas, o que também contraria a versão de que teria sido vista sozinha em um ponto de tráfico. “Ela me disse que estava com a gente e que estava indo embora”, contou uma amiga, sob anonimato.

 

A mãe da vítima, Poliana Barbosa, concedeu entrevista à TV Jornal, afiliada do SBT, e se emocionou ao pedir justiça. “O mundo está cansado de tanto sangue feminino derramado. Que, de fato, seja feita a justiça. Não essa justiça que a gente costuma ver diariamente nos noticiários”, desabafou.

 

O corpo de Júlia foi sepultado na quarta-feira (24), no bairro de Santo Amaro, no Recife, sob forte comoção. Amigos e familiares compareceram ao velório vestindo camisas com a imagem da jovem, que trabalhava como vendedora.

 

Violência contra mulheres em alta em Pernambuco

 

Segundo dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, entre janeiro e agosto de 2025, o estado registrou 61 casos de feminicídio — um aumento de 11 ocorrências em comparação ao mesmo período do ano passado. O crescimento preocupa autoridades e entidades de defesa dos direitos das mulheres, que apontam falhas na prevenção e proteção das vítimas.

 

O caso de Júlia Ramilly Duarte se soma à triste estatística de um cenário alarmante de violência de gênero que segue fazendo vítimas no estado e em todo o país. A investigação continua sob responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que busca esclarecer todos os detalhes do crime.