Uma audaciosa fraude foi revelada em Mato Grosso do Sul, onde Ana Lúcia Umbelina Galache de Souza, de 55 anos, falsificou documentos para se passar por filha de um ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e, assim, obter uma pensão após a morte do militar. O caso veio à tona graças à denúncia da avó paterna de Ana Lúcia, que também estaria envolvida na trama. Entre 1988 e 2022, Ana Lúcia recebeu R$ 3,7 milhões do Exército e, em fevereiro de 2023, foi condenada pela Justiça Militar, tendo que devolver o valor e cumprir três meses de prisão.
De acordo com a ação penal militar, Ana Lúcia alterou documentos para se apresentar como Ana Lúcia Zarate, filha de Vicente Zarate, seu tio-avô e ex-combatente falecido em 1988. Ela foi registrada em Campo Grande como filha de Vicente e de Natila Ruiz, afirmando ter nascido em 6 de junho de 1970. Esse novo registro permitiu que ela obtivesse uma Carteira de Identidade com o sobrenome Zarate e, em janeiro de 1989, requeresse sua habilitação como pensionista do Exército. O pedido foi aceito no mesmo mês, mesmo Ana Lúcia sendo menor de idade, garantindo a ela pensão integral como filha de um Segundo Sargento.
A fraude foi descoberta quando Conceição Galache, insatisfeita com os repasses da neta, procurou a Polícia Civil e a Administração Militar em 2021, denunciando que Ana Lúcia não era filha de Vicente Zarate. A partir da sindicância aberta, o pagamento da pensão foi suspenso após as irregularidades serem confirmadas. Durante o interrogatório, Ana Lúcia admitiu que era sobrinha-neta de Vicente e que dividia a pensão com sua avó, justificando seu uso do sobrenome Zarate apenas para fins de recebimento da pensão. Infelizmente, Conceição faleceu em maio de 2022, antes de ser ouvida nas investigações.
A Justiça Militar concluiu que Ana Lúcia cometeu estelionato ao se passar por dependente do ex-combatente, ciente de que estava enganando o serviço militar para obter vantagens. O valor total da fraude alcançou R$ 3,7 milhões, quantia que deverá ser ressarcida. A Defensoria Pública da União (DPU), que defende Ana Lúcia, recorreu da condenação, argumentando que não houve dolo e que as provas eram insuficientes para justificar a decisão. A DPU aguarda julgamento no Superior Tribunal Militar (STM). O Exército Brasileiro não se manifestou sobre o caso, reafirmando seu respeito às decisões judiciais, e especialistas pedem maior fiscalização sobre pensões para evitar fraudes, especialmente em um contexto tecnológico crescente.
Com informações: G1| Foto: Reprodução/Redes sociais