Desalojada pelas inundações em Porto Alegre, a recicladora Pamela Cristina de Brito, de 32 anos, está abrigada em um espaço exclusivo para mulheres e seus filhos. Pamela relata que, embora não tenha sofrido ou presenciado violência nos abrigos mistos, sente-se mais tranquila em um ambiente sem homens, devido à privacidade e segurança que isso proporciona.
“Eu me sinto mais confortável por causa da minha filha adolescente. Aqui, ela pode tomar banho e se trocar sem medo de ser observada por homens”, explica Pamela, que teve sua casa completamente inundada no bairro de Vila Farrapos em 3 de maio. A mudança para um abrigo exclusivo trouxe mais segurança para ambas.
A BBC News Brasil visitou um desses abrigos no Dia das Mães, quando as residentes receberam flores e tiveram refeições especiais preparadas por um chef. Pamela e sua filha dividem um quarto com Michele Prestes, 44 anos, que também prefere o abrigo feminino pela privacidade, apesar de não ter enfrentado problemas em abrigos mistos.
Cristiane Ramos, diretora da Divisão de Proteção e Atendimento à Mulher da Polícia Civil do RS, informou que existem três abrigos exclusivos para mulheres no estado. Apesar de poucas denúncias de crimes sexuais, há uma preocupação constante com a segurança das desalojadas. Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do RS, destacou que, durante a atual crise, foram registradas apenas cinco denúncias de crimes sexuais, mas reforçou a importância de manter a segurança nos abrigos, que abrigam milhares de pessoas em condições de estresse e tensão.
Para garantir a segurança, policiais civis e militares realizam rondas e, em alguns casos, oferecem vigilância 24 horas nos maiores abrigos. Mulheres vítimas de abuso podem acionar a Polícia Militar (190), Polícia Civil (197), Central de Atendimento à Mulher (180) ou Disque Denúncia (181). Aquelas que desejam ser acolhidas em abrigos femininos devem procurar os centros de triagem em seus municípios para serem direcionadas aos locais disponíveis.
Com informações: BBC
Foto: Fernando Otto