Uma poderosa massa de ar polar vinda da Antártida tem provocado temperaturas extremas e impactos severos na Argentina, no Chile e no Uruguai. A onda de frio, considerada uma das mais intensas das últimas décadas, já resultou em pelo menos 15 mortes e vem desafiando as autoridades com interrupções no fornecimento de energia, gás e medidas emergenciais de abrigo.
Na Argentina, ao menos nove pessoas em situação de rua perderam a vida neste inverno rigoroso, segundo a ONG Project 7. Na capital, Buenos Aires, os termômetros marcaram -1,9°C na quarta-feira (2), a menor temperatura registrada nos últimos 34 anos. Em outras regiões do país, como na Patagônia, o frio foi ainda mais intenso: Maquinchao atingiu impressionantes -18°C, enquanto cidades costeiras como Miramar viram a neve cobrir as praias do Atlântico.
Com o sistema energético sobrecarregado, milhares de argentinos enfrentaram apagões que duraram mais de 24 horas, especialmente nos centros urbanos. Para proteger o abastecimento residencial, o governo suspendeu o fornecimento de gás a indústrias e postos de combustíveis na quarta-feira (3).
No Uruguai, a situação também é crítica. O país declarou “alerta vermelho” após a morte de seis pessoas relacionadas ao frio. A medida permitiu que o governo recolhesse pessoas em situação de rua mesmo contra a vontade delas. Em Montevidéu, a máxima registrada em 30 de junho foi de 5,8°C, a mais baixa desde 1967, de acordo com o meteorologista Mario Bidegain.
No Chile, os efeitos da onda polar foram igualmente severos. A cidade de Chillán, localizada a 400 quilômetros ao sul de Santiago, registrou -9,3°C. Até mesmo o deserto do Atacama, conhecido como o mais seco do mundo, viu neve cair pela primeira vez em uma década, um fenômeno raro que evidenciou a força do frio atípico.
Segundo o climatologista Raul Cordero, da Universidade de Santiago, o evento foi provocado por uma massa de ar gelado da Antártida que se espalhou pelo Cone Sul. A boa notícia, segundo previsões meteorológicas, é que as temperaturas devem começar a subir gradualmente nos próximos dias, trazendo algum alívio após dias de extremo rigor climático.
imagem: reprodução via La Nación