Planeta esgota os recursos naturais de 2025 antes do fim de julho e entra “no vermelho” a partir desta quinta
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Planeta esgota os recursos naturais de 2025 antes do fim de julho e entra “no vermelho” a partir desta quinta

23/07/2025 | 10:29 Por redacao mz

Nesta quinta-feira (23), a humanidade ultrapassa mais uma vez os limites ecológicos do planeta: é o Dia da Sobrecarga da Terra, momento simbólico em que o mundo consome todos os recursos naturais que a Terra é capaz de regenerar em um ano inteiro. Em outras palavras, tudo o que for extraído a partir de agora será como usar um “cheque especial ambiental”.

A data, calculada anualmente pela Global Footprint Network, indica que estamos utilizando a natureza cerca de 1,8 vezes mais rápido do que os ecossistemas conseguem se renovar. Isso inclui o uso excessivo de água doce, a derrubada de florestas, a pesca acima da capacidade de recomposição dos mares e a emissão desenfreada de gases de efeito estufa, como o CO₂.

Isso significa que estamos colhendo mais do que a Terra pode plantar, pescando mais do que os oceanos podem reabastecer e lançando mais carbono do que as florestas podem absorver. O desequilíbrio, segundo ela, mina a base dos recursos naturais que sustentam a economia e a vida, afetando principalmente as populações mais vulneráveis.

Situação crítica, mesmo com aparente estabilidade

Embora a data tenha chegado uma semana antes do que em anos anteriores — quando geralmente ocorre em torno de 1º de agosto — os especialistas ressaltam que, mesmo com a relativa estabilidade na marca da sobrecarga nos últimos 15 anos, a pressão sobre os sistemas naturais só aumenta.

A associação ambientalista portuguesa Zero chama atenção para o agravamento dos danos acumulados e reforça que ações urgentes são necessárias. A entidade destaca que, se metade do planeta adotasse políticas ambientais semelhantes às do Pacto Verde Europeu, a sobrecarga poderia ser adiada em até 42 dias ao longo da próxima década.

Riscos e consequências

A Global Footprint Network também aponta que o consumo desmedido de recursos naturais está diretamente relacionado a problemas como inflação, crises sanitárias, insegurança alimentar e energética, e até conflitos sociais. “Cidades e países que não se prepararem enfrentarão riscos cada vez maiores”, alerta a entidade.

Segundo a ONG, o atual modelo econômico, centrado no consumo e crescimento do PIB, ignora os limites do planeta e ameaça a estabilidade das sociedades e das futuras gerações.

Caminhos possíveis

Como alternativa, a associação Zero defende uma economia de bem-estar, em que o sucesso não seja medido apenas por índices econômicos, mas também por qualidade de vida, equidade social e equilíbrio ecológico. Para isso, propõe que os direitos das gerações futuras sejam incorporados às decisões políticas por meio de legislação específica.

Diversos países já caminham nessa direção, e em Portugal, organizações como a Oikos e o Último Recurso trabalham em propostas concretas de leis que assegurem a justiça intergeracional e a proteção ambiental a longo prazo.

O Earth Overshoot Day é anunciado anualmente em 5 de junho, no Dia Mundial do Meio Ambiente, como um lembrete de que os recursos do planeta são finitos — e estão sendo exauridos em ritmo alarmante.