A Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2021 revelou que, no segundo ano da pandemia, a atividade comercial brasileira tinha 1,4 milhão de empresas, ocupando 10,1 milhões de pessoas. Houve uma leve recuperação em relação a 2020, com um crescimento de 3,2% no pessoal ocupado que, no entanto, ainda está 1,0% abaixo de 2019.
Em 2021, frente a 2020, o segmento que obteve o maior aumento percentual no número de trabalhadores foi o comércio por atacado (6,5%), influenciado pelo crescimento da mão de obra nas atividades de produtos alimentícios, bebidas e fumo (mais 24,1 mil pessoas, alta de 5,9%), comércio por atacado de produtos químicos, siderúrgicos, papel, papelão, resíduos e sucatas (acréscimo de 21,2 mil pessoas, alta de 11,9%) e de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação (mais 19,8 mil pessoas, alta de 10,4%). Em seguida vieram o comércio varejista (2,7%) e o comércio de veículos, peças e motocicletas (0,7%).

“Em 2021, continuou o processo de recuperação da atividade econômica que se iniciou em 2020, com a vacinação e o relaxamento do isolamento social por causa da Covid-19. Mas essa recuperação não foi suficiente para voltarmos ao patamar de 2019. Percebemos, também, algumas atividades tentando diversificar sua forma de comercialização, começando a vender pela internet”, destaca Marcelo Miranda, analista da PAC.
De 2020 para 2021, apenas duas das 22 atividades pesquisadas tiveram queda no número de pessoal ocupado: comércio de peças para veículos (-10,5 mil pessoas; -2,0%) e comércio varejista de produtos novos e usados sem especificação (-0,5 mil pessoas; -0,1%).
Frente ao período pré-pandemia, em 2019, somente o comércio por atacado apresentou alta (8,0%) no número de pessoas ocupadas. Tanto o comércio de veículos, peças e motocicletas (-8,1%) como o varejista (-2,2%) ainda se encontravam aquém do patamar verificado dois anos antes.

Número de empregados no comércio por atacado cresceu durante a pandemia
Em 2021, o setor comercial empregou um total de 10,1 milhões de pessoas. Do total de trabalhadores, 7,4 milhões estavam empregados no comércio varejista, 1,8 milhão no comércio por atacado e 833,1 mil no comércio de veículos, peças e motocicletas.
“Em 2021, ainda não havíamos ultrapassado o período pré-pandemia, mas estamos bem próximos, com cerca de 100 mil pessoas empregadas a menos do que em 2019. Enquanto o comércio varejista e o de veículos, peças e motocicletas ainda estão abaixo do nível pré-pandemia, o comércio por atacado teve alta de 8,0% no pessoal ocupado, ou mais 135,8 mil empregos”, salienta o pesquisador.
Em termos percentuais, o comércio varejista manteve, na comparação entre 2012 e 2021, o seu valor em participação no emprego, com 73,5% das pessoas do setor de comércio neste segmento. Comércio por atacado foi o segundo mais relevante em 2021 (18,2%), maior participação do segmento na série histórica desde 2007, seguido de comércio de veículos, peças e motocicletas (8,3%). As posições nos rankings dos três segmentos não se alteraram nos últimos 10 anos.
Após a queda no número de pessoas ocupadas no ano de 2020, o ano seguinte apresentou uma recuperação, puxada principalmente pelo setor varejista, que foi responsável por 196,8 mil das 314,2 mil pessoas ocupadas a mais entre um ano e outro.
Ainda sob a ótica de pessoas ocupadas, entre 2012 e 2021, comércio por atacado foi o que mais cresceu em termos percentuais (6,3%), seguido por comércio varejista (0,6%), enquanto comércio de veículos, peças e motocicletas foi o único a apresentar perdas (-10,2%). O ano de 2021 teve o maior número de pessoas ocupadas da série histórica no comércio por atacado.
Sudeste continua líder mas perde participação no comércio nos últimos 10 anos
Sob a ótica regional, a Região Sudeste foi a Região de maior relevância, enquanto o Nordeste foi a menor, nos quesitos de: número de Unidades locais (ULs); receita bruta de revenda; salários, retiradas e outras remunerações; e pessoal ocupado.
Nos últimos 10 anos, o Sudeste perdeu participação em número de ULs (-2,4 p.p.); receita bruta de revenda (-4,2 p.p.); salários, retiradas e outras remunerações (-2,0 p.p.) e pessoal ocupado (-1,3 p.p.). O mesmo ocorreu entre 2019 e 2021, com queda de: 2,2 p.p. do número de ULs; de 1,5 p.p. na receita bruta de revenda; -1,2 p.p. nas remunerações e -1,2 p.p. no número de pessoas ocupadas.
“É interessante perceber que o Sudeste perdeu participação ao longo dos últimos 10 anos, mas ainda se manteve, com folga, sua liderança, puxada principalmente por São Paulo”, analisa Miranda.
do IBGE