Mais de seis anos após o incêndio no centro de treinamento do Flamengo, conhecido como Ninho do Urubu, a Justiça absolveu os sete réus envolvidos no caso que matou dez jovens atletas da base em fevereiro de 2019. A decisão, de primeira instância, foi proferida na noite da segunda-feira (21) pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
Os acusados respondiam pelos crimes de incêndio culposo e lesão grave, mas, segundo o magistrado, não ficou comprovado que eles tinham responsabilidades diretas sobre a manutenção ou a segurança elétrica do local. Por esse motivo, o juiz entendeu que não seria possível atribuir culpa penal individual.
Em sua decisão, Tiago Fernandes destacou que o incêndio teve origem tecnicamente identificada, mas que o caso envolvia uma cadeia causal complexa, com múltiplos fatores técnicos e estruturais, o que impedia a individualização das condutas. “Essa constatação não elimina a tragédia dos fatos, mas reafirma que o Direito Penal não pode converter complexidade sistêmica em culpa individual”, afirmou o juiz.
O incêndio ocorreu em 8 de fevereiro de 2019, quando os jovens dormiam em contêineres usados como alojamento provisório. As chamas começaram após um possível curto-circuito em um ar-condicionado e se espalharam rapidamente. No total, dez jogadores de 14 a 16 anos morreram, e três ficaram feridos.
Entre os absolvidos estão Márcio Garotti, ex-diretor financeiro do Flamengo; Marcelo Maia de Sá, diretor adjunto de patrimônio; os engenheiros Danilo Duarte, Fabio Hilário da Silva e Weslley Gimenes; Claudia Pereira Rodrigues, responsável pela assinatura de contratos com a empresa NHJ; e Edson Colman, sócio da Colman Refrigeração, encarregada da manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. A decisão ainda cabe recurso.