A Trafigura assumiu ter pago propina a autoridades brasileiras para garantir negócios com a Petrobras. A declaração foi feita à justiça dos Estados Unidos e a companhia concordou em pagar US$ 127 milhões pelas violações da Lei de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês).
A situação é resultado de uma investigação sobre a conduta de ex-funcionários e agentes no Brasil. Após 10 anos, o Departamento de Justiça (DoJ) norte-americano apurou que o esquema foi inicialmente revelado na 57ª fase da Operação Lava Jato. Documentos obtidos pelo DoJ mostram que a Trafigura manteve relações comerciais com a Petrobras entre 2003 e 2014.
Em 2009, a empresa suíça acertou um esquema de suborno que pagava até US$ 0,20 por barril de produtos petrolíferos comprados ou vendidos da Petrobras. Essa dinâmica é conhecida como trading. Como os pagamentos eram ocultados por empresas de fachada, os valores iam para contas bancárias offshore de funcionários da estatal brasileira.
As investigações revelaram ainda que a Trafigura lucrou aproximadamente US$ 61 milhões com o esquema. No entanto, o DoJ não divulgou quais executivos foram subornados. Apenas um nome aparece na minuta do acordo de confissão: Rodrigo Berkowitz.
Trata-se de um brasileiro que trabalhou como investidor de mercado financeiro de combustíveis para a Petrobras no Rio de Janeiro e em Houston, no Texas. Berkowitz já havia sido acusado por esses crimes em 2023 e já tinha se declarado culpado de uma acusação de conspiração para lavagem de dinheiro em 2019.
Quanto ao pagamento da multa, será feito pela Trafigura Beheer BV como parte do acordo de confissão. Na última quinta-feira (28), a empresa afirmou em nota que o DoJ concedeu créditos à companhia por sua cooperação com a investigação e por ter demonstrado “reconhecimento e aceitação da responsabilidade”.
Já a Petrobras, segundo a reportagem, não vai comentar sobre o tema. Além da empresa suíça de commodities, também eram investigadas a Vitol e a Glencore. Juntas, elas seriam responsáveis por US$ 15 milhões em propinas.
com informações do g1 e Reuters