Um vídeo de uma audiência do Supremo Tribunal Federal (STF), então sob sigilo, foi divulgado e viralizou nas redes sociais. As imagens mostram os depoimentos de testemunhas, que ocorreram em maio, para o inquérito que investiga um suposto esquema de golpe de estado de Jair Bolsonaro e seus aliados em 2022.
A videoconferência, mostra o momento em que o ministro Alexandre de Moraes ameaçou prender Aldo Rebelo, após se irritar com a insistência dele em não responder as perguntas do inquérito.
O embate aconteceu quando Rebelo ao falar sobre o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha e um dos réus na ação penal.
O advogado de Garnier questionou Rebelo se ele achava se o militar teria capacidade de mobilizar as tropas da Marinha, na tentativa de afastar a tese de adesão unilateral ao plano golpista e Aldo Rebelo argumentou que expressões como “estou à disposição”, não deveriam ser interpretadas literalmente.
“Na língua portuguesa, conhecemos o que se usa muitas vezes como força de expressão. Quando alguém diz ‘estou frito’, não significa que está dentro de uma frigideira.”
A resposta irritou Moraes, que o interrompeu e de forma direta perguntou se Rebelo esteve na reunião em que Garnier usou a expressão, que repondeu que não. Logo, Moraes disse que Rebelo não tinha condições em responder essa questão. Rebelo criticou dizendo que não admite censura, e logo foi repreendido que poderia ser preso por desacato.
— O senhor estava presente na reunião quando o almirante Garnier usou essa expressão?
— Não — respondeu Rebelo.
— Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos — retrucou Moraes .
— Não admito censura!
— Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é pessoal, e eu não admito censura! — reagiu Rebelo.
— Se o senhor não se comportar, será preso por desacato!— Respondeu Moraes, elevando o tom da audiência
— Estou me comportando — respondeu Rebelo.
— Então se comporte e responda à pergunta. Testemunha não pode atribuir valor à questão, mas tem toda a liberdade para fazer uma resposta tática — finalizou Moraes.
Veja o vídeo