Ponta Grossa registrou nesta semana a primeira morte em decorrência da dengue hemorrágica. A vítima foi um jovem, de 19 anos, militar do Exército Brasileiro. Ele morreu ontem (27) após ficar internado no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HU- UEPG).
Conforme o boletim semanal da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o município registrou 30 novos casos confirmados de dengue.
A cidade acumula 59 confirmações ao longo do período epidemiológico, que iniciou em agosto do ano passado. No entanto, a 3ª Regional de Saúde de Ponta Grossa diz que a cidade tem 115 casos confirmados.
O que é a dengue hemorrágica
A dengue hemorrágica se caracteriza por uma queda acentuada de plaquetas – fragmentos celulares produzidos pela medula óssea que circulam na corrente sanguínea e ajudam o sangue a coagular – e que geralmente leva ao extravasamento grave de plasma.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, uma em cada 20 pessoas pode desenvolver a dengue hemorrágica. O risco é maior quando o indivíduo sofre uma segunda infecção, o que pode ocorrer devido à existência de quatro subtipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
Os sintomas clássicos são febre alta, manchas vermelhas pelo corpo, dor ao redor dos olhos e dores musculares e nas articulações. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o paciente pode entrar na chamada fase crítica da doença depois de três a sete dias do início dos sintomas, quando a febre começa a baixar. Nesse momento, sinais da dengue grave podem se manifestar:
● dor abdominal intensa
● vômito persistente, às vezes com sangue
● sangramento nas gengivas ou nariz
● dificuldade respiratória
● confusão mental
● fadiga
● aumento do fígado
● queda da pressão arterial
● sangue nas fezes
Caso a pessoa comece a apresentar esses sintomas, deve procurar atendimento médico imediatamente, já que as próximas 24 a 48 horas são determinantes para evitar complicações e morte.
Os países da Ásia e da América Latina são os mais afetados pela dengue hemorrágica, que se tornou uma das principais causas de hospitalização e morte entre crianças e adultos nessas regiões, aponta a OMS. Em 2019, foram registrados 3,1 milhões de casos de dengue na América Latina, sendo 28 mil graves, e 1.534 óbitos.
Tratamento
Como não existe uma terapia específica para a dengue, o tratamento é feito com base em hidratação e medicamentos para controlar os sintomas, como paracetamol. Deve-se evitar anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno e aspirina, já que eles afinam o sangue e aumentam o risco de hemorragias.
Prevenção
O Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina tetravalente contra a dengue, que deve ser capaz de proteger contra os quatro subtipos da doença. O imunizante está na fase 3 de ensaios clínicos e os resultados primários mostraram 79,6% de eficácia, de acordo com um acompanhamento de dois anos com 16 mil voluntários que receberam uma dose única. A vacina teve um perfil de segurança semelhante entre quem teve dengue e pessoas sem contato prévio com o vírus.
Já existe uma vacina contra a dengue aprovada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém está disponível somente no setor privado e só é indicada para indivíduos que contraíram a doença. Além disso, o imunizante exige três doses, aplicadas com intervalos de seis meses.
O controle dos vetores também é uma importante forma de prevenção, que deve ser mantida mesmo com uma futura vacinação da população. Para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, deve-se evitar o acúmulo de água parada em locais que podem se tornar criadouros, como vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção etc. O uso de repelentes, inseticidas e larvicidas e a aplicação de telas em janelas e portas são outras medidas eficazes.