A britânica Antonya Cooper, de 77 anos, que admitiu ter dado uma dose letal de morfina a seu filho de sete anos que sofria de uma doença terminal, morreu neste fim de semana após receber um diagnóstico de câncer. Ela declarou à radio Oxford, da BBC, que tinha a intenção de interromper o sofrimento do filho e “encerrar sua vida em paz”.
Antonya Cooper foi diagnosticada com câncer de mama, pâncreas e fígado. “Ela estava em paz, sem dor, em casa e rodeada por sua amada família. Foi exatamente do jeito que ela queria. Ela viveu a vida como quis, e morreu como quis”, disse a filha da mulher, Tabitha, à BBC. Ainda segundo ela, a mãe recebeu a visita de policiais a revelação de que havia matado o próprio filho nos anos 80.
Na época, o filho Hamish tinha câncer em estágio 4 e sentia “muita dor”, de acordo com a mãe, que também tinha um diagnóstico terminal e lutava para mudar a legislação sobre o suicídio assistido na Inglaterra. A prática é proibida no país e a polícia local afirmou estar investigando o caso.
A criança foi diagnosticada aos 5 anos com neuroblastoma, um tipo de câncer que atinge pessoas geralmente na infância e adolescência. A doença se desenvolve, na maioria dos casos, nas glândulas adrenais — localizadas acima dos rins —, no abdome ou em células nervosas próximas à coluna espinhal, chamadas de gânglios dorsais.
Segundo Antonya, a estimativa inicial é de que Hamish tivesse apenas três meses de vida — os quais foram prolongados após um tratamento de 16 meses. Apesar disso, ela conta que o filho sofria com dores intensas.
“Na última noite de Hamish, quando ele disse que estava sentindo muita dor, eu perguntei: ‘Você gostaria que eu tirasse essa dor?’ e ele respondeu: ‘Sim, por favor, mamãe’’, relatou Antonya à BBC Radio Oxford.
E, por meio do cateter, dei uma grande dose de morfina a ele, que terminou sua vida de forma pacífica.
Antonya explicou que entendia que estava potencialmente admitindo homicídio, mas não demonstrou medo das consequências.
Se eles vierem 43 anos depois de eu ter permitido que Hamish morresse pacificamente, então eu teria que enfrentar as consequências. Mas elas teriam que ser rápidas, porque eu também estou morrendo.
Ao ser perguntada se acreditava que seu filho sabia que ela pretendia acabar com a vida dele, ela respondia estar convencida que, no fundo, o filho sabia o que iria acontecer.
“Obviamente, não posso dizer por que ou como, mas eu era a mãe dele, ele amava a mãe e eu o amava totalmente, e não ia deixá-lo sofrer, e sinto que ele realmente sabia para onde estava indo. Era a coisa certa a fazer. Meu filho estava enfrentando o mais terrível sofrimento e dor intensa, eu não ia permitir que ele passasse por isso”, lamentou.