Sthefane Verteiro passou por uma cirurgia inovadora um ano após um grave acidente. Antes de março de 2023, os principais preparativos de Sthefane Felipe Verteiro e Jorge Aguilar eram para o casamento, que seria em dois meses. No entanto, os planos foram interrompidos quando Sthefane sofreu um acidente com uma colheitadeira e ficou em estado crítico no hospital.
Após dois meses de internação e várias cirurgias, Sthefane recebeu alta. Porém, devido aos ferimentos graves, precisou reconstruir a face. O procedimento, realizado mais de um ano após o acidente, foi feito com uma tecnologia inédita pelos cirurgiões bucomaxilofaciais. Usando um software alemão, os médicos conseguiram imprimir próteses de titânio em uma impressora 3D, uma inovação, pois normalmente esses equipamentos imprimem em resina, um material mais frágil. A cirurgia foi realizada no Hospital Evangélico, em Londrina, e foi um sucesso.
Ainda em recuperação, Sthefane está ansiosa para retomar o sonho do casamento. “Estávamos em uma fase linda, com casamento marcado. Já tinha feito prova de vestido, entregado os convites, tudo certinho. Foi difícil acordar e descobrir que teria que pausar o que tinha programado para viver. Foi um longo processo até eu entender tudo isso. Foi um milagre o que aconteceu comigo. Agora é seguir em frente, e remarcar o casamento”, relata.
A incerteza sobre a recuperação de Sthefane foi difícil para Jorge. A família foi informada da gravidade da situação dela, mas a fé de Jorge nunca vacilou. “Quando vem a situação grave, a gente aprende que é forte. A gente busca aquela força que não tem. E busca na fé, nas pessoas que estão dando suporte, o fortalecimento. É uma alegria muito grande retomar a nossa vida. Tem um processo pela frente, mas nada se compara com o que aconteceu”, disse Jorge. Ele nunca duvidou do amor por Sthefane. “O amor é provado na alegria, mas também na tristeza. É na dificuldade que ele é provado. É muito difícil você assinar um termo se responsabilizando pela vida de alguém. Sabíamos que a cirurgia era arriscada, mas arriscamos mesmo assim. E valeu muito a pena”, conclui.
De acordo com o cirurgião bucomaxilofacial Daniel Gaziri, responsável pela operação, o procedimento foi inicialmente feito no computador, permitindo prever o resultado final. “O procedimento é inédito porque a prótese é do tipo puzzle, um quebra-cabeça. Ela veio desmontada, e montamos dentro da paciente. Precisou ser feito dessa forma pelo fato da prótese ser um pouco maior, e poderia ser mais difícil caso tivéssemos que instalar inteira”, explica. O grande desafio era restaurar o contorno ideal para o globo ocular de Sthefane, possibilitando que ela enxergasse normalmente novamente. Após muitos estudos e exames, a solução foi a prótese de titânio. “A gente opera o paciente no computador, faz um espelhamento do lado que tá bom pro lado que está com problema, faz todas as correções que a gente quiser, e imprimimos as próteses em titânio. Por serem desse tipo de material, elas podem ficar no paciente pro resto da vida. São leves, precisas, e essa tecnologia nunca tinha sido realizada com essa magnitude no Brasil todo”, conclui Gaziri.
Com imagem e informações: G1 Paraná e RPC
