Desde o início da guerra em Gaza, 200 jornalistas já morreram, segundo levantamento atualizado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Do total, 56 foram mortos enquanto exerciam a profissão e estavam claramente identificados como jornalistas, o que, segundo a entidade, configura crime de guerra.
O dado foi divulgado após um novo ataque israelense contra o Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, que matou ao menos 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas de veículos internacionais.
As vítimas foram identificadas como:
- Hussam al-Marsi, repórter da Reuters
- Mariam Dagga, colaboradora da Associated Press
Mohammad Salama, fotógrafo da Al Jazeera
- Moaz Abu Taha, prestador de serviços para a NBC
- Ahmed Abu Aziz, vinculado a veículos árabes
- Além deles, o fotógrafo Hatem Khaled, também da Reuters, ficou ferido.
Segundo a Defesa Civil de Gaza, o hospital foi atingido por dois ataques: um com drone explosivo e outro com mísseis, lançados enquanto equipes de resgate atendiam feridos. O Exército de Israel confirmou a ofensiva e disse “lamentar” mortes de civis, prometendo uma investigação rápida.
“É simplesmente um crime de guerra”, diz ONG
Artur Romeu, diretor da RSF para a América Latina, criticou duramente o ataque e lembrou que este é mais um episódio de uma série de mortes direcionadas a profissionais da imprensa.
“É assassinar deliberadamente jornalistas que estão em uma situação de cobertura de um conflito armado. É simplesmente um crime de guerra”, afirmou.
Romeu também informou que a RSF já apresentou quatro denúncias ao Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o governo de Israel e que uma quinta denúncia será protocolada após esse novo episódio.
“Estamos falando de 200 jornalistas mortos desde o início do conflito. Em 56 desses casos, conseguimos confirmar que estavam claramente em atividade jornalística, usando equipamentos e roupas que os identificavam como imprensa”, disse.
Histórico de ataques contra jornalistas
Este não é o primeiro ataque ao Hospital Nasser. Em junho, uma explosão matou três pessoas e feriu outras dez. Já no início de agosto, outro ataque das forças israelenses matou o jornalista Anas Al Sharif, da Al Jazeera, próximo ao Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza. Ele e outros seis profissionais de imprensa estavam em uma tenda quando foram atingidos. Israel alegou que ele era membro do Hamas.
A ONG alerta que os ataques a jornalistas dificultam a cobertura independente do conflito e impedem que o mundo saiba o que de fato está acontecendo no território palestino.
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