O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) compareceu na noite de ontem (18) na festa do lançamento de uma frente parlamentar organizada pelo deputado Zé Trovão (PL-SC). No evento, Bolsonaro reencontrou antigos aliados e sentou-se na mesa principal, ao lado de Trovão e também da cantora Sula Miranda, conhecida como a “rainha dos caminhoneiros”. O deputado lançou duas frentes: a das Cooperativas de Transportes Rodoviários e de Cargas e a da Defesa do Caminhoneiro Autônomo.
Em seu discurso, com duração de seis minutos, Bolsonaro elogiou seu governo e atacou a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente afirmou ser considerado pelos caminhoneiros o “ex-(presidente) mais querido”, e listou ações que adotou e que entende terem beneficiado esse setor, como o aumento de 20 pontos para 40 pontos no limite para um motorista perder a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), lei que sancionou no final de 2020.
Bolsonaro detonou a política externa de Lula e a atuação do governo na crise no Oriente Médio. E elogiou seu governo nas relações exteriores. “Fizemos um bom trabalho na questão da política externa. O Brasil está passando mais um vexame. Olhem o papel do Itamaraty em Israel. Somos muito solidário com aquele Estado. O grande mal do povo brasileiro é achar que o que acontece lá fora nunca acontecerá conosco. Se queremos paz, oportunidade, progresso e liberdade, temos que nos cuidar”, disse Bolsonaro, para uma plateia de parlamentares e de convidados ligados aos caminhoneiros.
O ex-presidente criticou, ainda, a condução da economia brasileira, que, segundo ele, está “patinando”, se dirigindo à categoria dos caminhoneiros.
“Vocês não podem perder o que conquistamos a duras penas. No momento da crise da guerra entre Ucrânia e Rússia tivemos alta do combustível no mundo inteiro e zeramos o imposto federal. Gás de cozinha, álcool, diesel e gasolina. Trouxe certa tranquilidade botando o preço lá embaixo”, e citou a economia na gestão petista: “No nosso tempo tinha mais trabalho para vocês e hoje o trabalho de vocês está ameaçado com a economia patinando”.
Bolsonaro falou que é preciso derrotar o “comunismo” para o país voltar logo à normalidade. E criticou novamente o presidente petista com uma metáfora de futebol.
“Eu já vi time de futebol sem torcida ser campeão, mas não vi ainda se eleger um presidente do Brasil sem o povo. Pela primeira vez isso aconteceu no Brasil. Mas a verdade aparecerá.”
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou, na terça-feira (17), o segundo julgamento contra Bolsonaro. Ele foi absolvido em uma das três ações sobre o uso da estrutura da Presidência na campanha de 2022.
O julgamento foi motivado por duas ações protocoladas pelo PDT e pelas federações do PT e PSOL. Para o relator, ministro Benedito Gonçalves, na primeira ação julgada, não ficou comprovado que a estrutura pública foi utilizada pelo ex-presidente. “Não ficou comprovada que a live foi realizada nas dependências do Palácio do Planalto. O cenário contém apenas uma parede branca”, ressaltou o ministro.
A ação trata de uma live realizada em 18 de agosto do ano passado. Segundo o PDT, Bolsonaro usou a estrutura da Presidência para pedir votos para sua candidatura e para aliados políticos que também disputavam as eleições, chegando a mostrar os santinhos das campanhas.
O entendimento pela absolvição também foi seguido pelos ministros Raul Araújo, Floriano de Azevedo, Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Nunes Marques e o presidente da corte eleitoral, Alexandre de Moraes.
No primeiro dia de julgamento, o advogado Tarcísio Vieira de Carvalho, representante de Bolsonaro, questionou a legalidade da análise conjunta das três ações e afirmou que a medida prejudica a defesa.
Sobre a realização das lives, o advogado afirmou que não foi usada a estrutura estatal. Segundo o defensor, as transmissões foram feitas por meio das redes privadas de Bolsonaro. Em junho, o ex-presidente foi condenado pela corte eleitoral à inelegibilidade por oito anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Bolsonaro fez uma reunião com embaixadores, em julho do ano passado, no Palácio da Alvorada, onde falou sobre o sistema eletrônico de votação. O general Braga Netto foi absolvido no julgamento por não ter participado do encontro, mas também é alvo do novo julgamento.