Bolsonaro entra com queixa-crime por calúnia contra hacker Delgatti
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Bolsonaro entra com queixa-crime por calúnia contra hacker Delgatti

28/08/2023 | 14:38 Por Eduardo Matheus Modificado em 28, agosto, 2023 2:40

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu entrada com uma queixa-crime por calúnia contra o hacker Walter Delgatti Neto. O documento foi assinado, na última sexta-feira (25), pelos advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Saulo Lopes Segall, Daniel Bettamio Tesser, Fábio Wajngarten, Thais de Vasconcelos Guimarães, Clayton Edson Soares e Bianca Capalbo Gonçalves de Lima.
Em seu depoimento, Delgatti disse que o ex-presidente pediu para que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na queixa-crime, os advogados acusam o hacker de calúnia por imputar falsamente a Bolsonaro o crime de interceptação telefônica.

De acordo com a defesa, durante o depoimento à CPMI do 8 de janeiro, o hacker, “ciente da manifesta falsidade da imputação” contra Bolsonaro, “imputou falsamente o delito de realizar interceptação telefônica ou telemática sem autorização judicial.

Eles destacam que a acusação foi feita “na presença de inúmeras pessoas e restou divulgada por meio da imprensa, rádio, televisão e internet, o que facilitou, assim, sobremaneira a sua propagação”.

“À luz de todo o expendido, requer seja recebida e autuada a presente queixa-crime, determinando-se a citação do Querelado [hacker] para ser devidamente interrogado, regularmente processado e ao final condenado como incurso no crime insculpido no artigo 138 (calúnia) do Código Penal”, concluem os advogados.

Segundo o hacker, o pedido para assumir um grampo de Moraes teria sido feito por Bolsonaro via telefone quando ele encontrou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) em um posto de combustível na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo.

De acordo com Delgatti, a parlamentar pegou um celular novo, inseriu um chip que ele acredita nunca ter sido utilizado, e o ex-chefe do Executivo entrou em contato.

“Nisso, eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo – que era tão esperado à época – que era do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse o hacker.

Delgatti explicou que à época sua imagem estava atrelado às mensagens que ele obteve de promotores da Lava Jato: “Então seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu havia assumido a Vaza Jato e eles apoiaram”. “Então, a ideia seria o garoto da esquerda assumir esse grampo”, continuou.

“Ele disse, no telefonema, que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo porque não tive acesso a ele. E disse que, em troca, eu teria o prometido indulto. E ele ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender [sic], eu mando prender o juiz’, e deu risada”, completou.

Delgatti falou que entendeu que esse grampo seria suficiente “pra alguma ação contra o ministro” e para fazer com que as eleições fossem realizadas com a urna que imprimisse o voto. Ele afirmou que concordou porque era uma proposta do presidente da República: “Ficaria até difícil falar não”.

Ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Junior (PSB-MA), o hacker afirmou à CPMI do 8 de janeiro que Bolsonaro lhe deu “carta branca” para que ele fizesse “o que quisesse” com relação às urnas eletrônicas.

“Ele me deu carta branca para fazer o que eu quisesse relacionado às urnas. Eu poderia, segundo ele, cometer um ilícito que seria anistiado, perdoado, indultado no caso”, declarou Delgatti.

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