O processo de escolha do novo líder da Igreja Católica começou oficialmente nesta quarta-feira (7), quando 133 cardeais de 70 países se reuniram na Capela Sistina, no Vaticano, para o conclave que definirá o sucessor do papa Francisco, falecido no mês passado. A cerimônia teve início com uma missa solene na Basílica de São Pedro e, em seguida, os cardeais se dirigiram em silêncio ao local do conclave, onde permanecerão isolados do mundo exterior até que um novo pontífice seja eleito.

A votação acontece em clima de sigilo absoluto, conforme prevê a tradição centenária da Igreja. A cada rodada, as cédulas são queimadas: se o resultado for inconclusivo, a fumaça preta sairá pela chaminé da Capela; já a fumaça branca e o toque dos sinos indicarão que a Igreja, que hoje reúne cerca de 1,4 bilhão de fiéis, tem um novo papa.

Nesta primeira tarde, está prevista apenas uma votação. Caso ninguém alcance os dois terços necessários, o processo segue com até quatro votações diárias nos próximos dias — embora, historicamente, dificilmente um pontífice seja escolhido no primeiro escrutínio.

Antes de entrarem em clausura, os cardeais participaram de um momento de oração. Em sua homilia, o cardeal Giovanni Battista Re, que aos 91 anos não participa da votação, pediu que os eleitores priorizem o bem da Igreja e da humanidade acima de interesses pessoais. “Unidade não significa uniformidade, mas uma comunhão firme e profunda na diversidade”, afirmou, defendendo que o novo papa saiba equilibrar as diferenças internas da Igreja.

Entre os possíveis candidatos mais citados estão os cardeais Pietro Parolin (Itália), Luis Antonio Tagle (Filipinas), Jean-Marc Aveline (França), Peter Erdo (Hungria), Robert Prevost (EUA) e Pierbattista Pizzaballa (Itália). Ainda não há um favorito claro, e a dinâmica pode mudar rapidamente conforme alianças se formam dentro da Capela.

O número recorde de cardeais eleitores reflete o esforço do papa Francisco em internacionalizar o Colégio Cardinalício e dar mais representatividade a regiões tradicionalmente menos influentes. A expectativa, segundo analistas e membros da própria Igreja, é que o novo pontífice mantenha, de alguma forma, o caminho de abertura e reforma iniciado por Francisco.

O Vaticano reforçou as medidas de segurança e sigilo com tecnologia de bloqueio de sinais, para impedir qualquer tipo de comunicação ou vazamento durante o conclave. Se seguir o ritmo dos últimos séculos, a escolha do novo papa deve acontecer dentro de até cinco dias.