A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovou nesta quinta-feira (25) a prisão preventiva do advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, acusado de atuar em favor de um dos principais investigados no esquema de descontos ilegais em benefícios de aposentados e pensionistas. A medida foi proposta pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), relator da comissão.
Ligado ao empresário Maurício Camisotti, apontado como um dos beneficiários finais do esquema, Nelson Wilians já havia prestado depoimento à CPMI na semana passada, mas se recusou a responder às perguntas dos parlamentares, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, além da prisão, os membros da comissão aprovaram também a quebra dos sigilos bancário e fiscal do advogado, além do envio de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre suas movimentações financeiras entre 2019 e 2025.
Segundo o relator, os indícios de participação ativa de Nelson Wilians no esquema são “graves e consistentes” e justificam as medidas mais duras para avançar nas investigações. O deputado argumentou que o advogado teria atuado para blindar juridicamente o funcionamento de entidades envolvidas nas fraudes, além de manter vínculos comerciais com os demais investigados.
Mais convocações e quebras de sigilo
Ao todo, 25 requerimentos foram aprovados na sessão desta quinta-feira. Entre eles, estão a convocação de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais). O nome dele apareceu em pelo menos oito requerimentos distintos apresentados por parlamentares, devido à suspeita de envolvimento em irregularidades semelhantes.
Também foram convocados a ex-secretária de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, Aline Bárbara Mota de Sá Cabral, e o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio de Nelson Wilians. Ambos são considerados peças-chave para esclarecer a atuação empresarial e jurídica do grupo investigado.
A comissão segue ouvindo depoimentos e analisando documentos que indicam a atuação de empresas e entidades de fachada em um esquema bilionário de descontos indevidos em contracheques de beneficiários do INSS, muitas vezes sem consentimento das vítimas.
A investigação já resultou em prisões, quebras de sigilo e bloqueios judiciais de valores. O relator Rogério Correia declarou que novas medidas devem ser tomadas nos próximos dias, e que o “foco agora é expor toda a cadeia de comando” por trás do esquema.
A CPMI do INSS foi criada para investigar denúncias de fraudes em massa contra beneficiários da Previdência Social, com prejuízos milionários e possível envolvimento de servidores públicos e entidades privadas.