O Departamento de Defesa dos Estados Unidos mobilizou um número considerado “inigualável” de militares e navios de guerra para o litoral da Venezuela, em uma ofensiva que visa conter o avanço de grupos sul-americanos ligados ao narcotráfico. A informação foi divulgada na quarta-feira (20) pelo deputado norte-americano Carlos Gimenez, integrante da Comissão das Forças Armadas do Congresso dos EUA, por meio da rede social X (antigo Twitter).
Segundo Gimenez, os EUA intensificaram sua presença militar na região com tecnologia de ponta. “Como membro da Comissão das Forças Armadas do Congresso dos EUA, pude afirmar que destacamos um número inigualável de ativos militares nas costas da Venezuela. Com a melhor tecnologia, seguiremos aumentando nossa presença na região”, escreveu o parlamentar.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, o Pentágono ordenou o envio de três destroyers equipados com mísseis guiados e autoridade para interceptar carregamentos de drogas: USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson. Fontes não oficiais estimam que cerca de 4 mil militares estejam envolvidos na operação.
A ação ocorre dias após o governo do ex-presidente Donald Trump — que voltou ao poder neste ano — classificar Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, como chefe do cartel de drogas de Los Soles. Washington também elevou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro, considerado pelo governo norte-americano como líder de um “regime de narcoterrorismo”.
Durante coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, evitou confirmar o número de tropas envolvidas, mas deixou claro o posicionamento da administração Trump. “O presidente Trump tem sido muito claro e consistente. Ele está preparado para usar todos os elementos do poder americano para impedir que as drogas cheguem ao nosso país, e trazer os responsáveis à Justiça. O regime Maduro não é o governo legítimo da Venezuela. É um cartel de narcoterrorismo”, afirmou.
A medida também foi celebrada pela senadora republicana Ashley Moody, que destacou a aprovação da Lei Halt Fentani, voltada ao combate ao tráfico de drogas. “Esta semana, vimos o presidente Trump mais uma vez tomar medidas ousadas ao enviar navios de guerra americanos para perto da Venezuela. Os dias de os Estados Unidos fazerem vista grossa ao tráfico de drogas acabaram”, declarou.
Resposta de Caracas
O governo venezuelano reagiu com firmeza. Na última segunda-feira (18/8), Maduro anunciou a mobilização de mais de 4,5 milhões de milicianos para “defender o território, a soberania e a paz da Venezuela”. O chanceler Yvan Gil criticou duramente a iniciativa dos EUA.
“A acusação de Washington de que a Venezuela está envolvida no narcotráfico revela sua falta de credibilidade e o fracasso de suas políticas na região”, afirmou. Para o governo Maduro, as ações americanas configuram uma “ameaça imperialista”, com interesses geopolíticos disfarçados de combate ao tráfico.
Maduro também denunciou o que chamou de “ameaças bizarras e absurdas”, alegando que a Venezuela busca a paz com soberania e que “a verdadeira eficácia contra o crime se alcança respeitando a independência dos povos”.
O envio de tropas norte-americanas para a costa venezuelana aumenta a tensão entre Washington e Caracas, reacendendo preocupações internacionais sobre uma possível escalada militar na região. Até o momento, não há indicações oficiais de intervenção direta, mas a movimentação sinaliza uma nova fase na relação conflituosa entre os dois países.
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