Investigação aponta depósitos em espécie suspeitos na conta de Augusto Melo; presidente afastado do Corinthians se defende
Esporte Vitrine

Investigação aponta depósitos em espécie suspeitos na conta de Augusto Melo; presidente afastado do Corinthians se defende

06/06/2025 | 08:57 Por redacao mz

A Polícia Civil identificou movimentações financeiras consideradas atípicas na conta bancária de Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians, em meio às investigações do caso VaideBet. Segundo relatório incluído no pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Melo, foram detectados mais de R$ 152 mil em depósitos em dinheiro vivo, realizados entre dezembro de 2023 e abril de 2024.

O período coincide com o pós-eleição no clube e antecede o escândalo envolvendo o contrato com a casa de apostas. Os valores foram divididos em pequenos depósitos — geralmente de até R$ 2 mil — feitos de forma fragmentada. A prática levanta suspeitas de tentativa de “burlar os mecanismos de controle” que exigem identificação obrigatória para movimentações acima desse valor.

No dia 1º de dezembro de 2023, por exemplo, uma semana após a eleição, Melo recebeu R$ 31.850, divididos em 16 depósitos não identificados. Ao todo, o relatório detalha:

  • Dezembro de 2023: R$ 41.750, em 16 depósitos (sendo R$ 31.850 em um único dia);

  • Janeiro de 2024: R$ 29.700, em 17 depósitos;

  • Fevereiro de 2024: R$ 18.250, em 10 depósitos;

  • Março de 2024: R$ 30.700, em 17 depósitos;

  • Abril de 2024: R$ 31.770, em 17 depósitos.

Além disso, segundo o relatório, após os depósitos em dinheiro, a conta de Melo costumava receber pequenas transferências via PIX — de valores irrisórios, como R$ 100 — supostamente utilizadas como “marcadores” de quem teria feito o depósito em espécie anterior. Um dos remetentes identificados nessas transações é Carlos Eduardo Melo Silva, conhecido como Kadu Melo, sobrinho do presidente afastado e conselheiro do Corinthians.

O padrão de movimentação chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que já havia apontado os lançamentos como suspeitos. Para os investigadores, a sequência de pequenos depósitos em dinheiro pode configurar tentativa de ocultação da origem dos recursos.

Em nota enviada à imprensa, Augusto Melo negou qualquer irregularidade. Disse que todas as movimentações foram informadas espontaneamente à Polícia e que constam em sua declaração de Imposto de Renda. Justificou ainda que, por ser proprietário de um comércio e de um estacionamento, recebe parte de sua renda em espécie, incluindo seu pró-labore e o dos sócios.

“Minhas contas e vida são limpas e estou sempre à disposição para esclarecimentos, seja do torcedor, da imprensa ou das autoridades”, afirmou Melo.

O caso segue em investigação, e a defesa do dirigente tenta anular o indiciamento no inquérito.