O tempo está acabando para a maior economia da Europa, que está em dificuldades, com os alemães divididos em relação à imigração, sua segurança presa entre Estados Unidos em uma fase de confronto e Rússia e China assertivas, e as empresas exigindo ajuda para permanecerem competitivas globalmente.

O resultado mais provável da eleição é uma coalizão entre o bloco conservador de Merz e os social-democratas (SPD) de Olaf Scholz, que ficaram em terceiro lugar, depois que a Alternativa para a Alemanha (AfD), de ultradireita, alcançou um segundo lugar histórico.

O AfD e o partido de ultraesquerda, Die Linke (A Esquerda, em português) garantiram, juntos, um terço dos assentos no novo Parlamento, o suficiente para bloquear as mudanças constitucionais necessárias para afrouxar os limites de empréstimos estatais, mudanças que, segundo alguns economistas, são essenciais para retomar o crescimento econômico.

Espera-se que o provável chanceler Merz busque uma aliança com o SPD após uma campanha contundente que evidenciou profundas divisões políticas, principalmente em relação à imigração. O SPD, que se ressente de seu pior resultado no pós-guerra, pode estabelecer um preço alto para qualquer acordo.

Merz demonstrou alguma disposição para reformar o freio da dívida, um limite constitucionalmente consagrado para empréstimos estatais.

“Do nosso ponto de vista, (as conversações) podem começar muito, muito rapidamente”, disse Jens Spahn, membro sênior da União Democrata Cristã (CDU), de Merz, de centro-direita.

“As primeiras conversas certamente devem ser realizadas nesta semana, nos próximos dias. Estamos vendo a situação no mundo, na Ucrânia, na Rússia, nos Estados Unidos”, afirmou ele. “A liderança alemã é necessária.”

Merz, que não tem experiência anterior no cargo, disse que pretende ter um governo em vigor até a Páscoa.

A eleição antecipada de domingo (23) ocorreu após o colapso da aliança tripartite de Scholz com os Verdes e os Democratas Livres (FDP), pró-empresariais.

Em uma indicação inicial de suas intenções políticas, Merz mirou nos EUA após sua vitória, criticando no domingo (23) o que ele chamou de comentários “ultrajantes” de Washington durante a campanha, comparando-os a intervenções hostis da Rússia.

“Para mim, a prioridade absoluta será fortalecer a Europa o mais rápido possível para que possamos alcançar a independência real dos EUA, passo a passo”, disse Merz no domingo.

Seu bloco conservador CDU/CSU ficou em primeiro lugar, com 28,6%, enquanto o AfD obteve 20,8%, seu melhor resultado histórico, de acordo com os resultados provisórios.

Os partidos tradicionais, no entanto, descartam a possibilidade de trabalhar com o AfD, um partido que é monitorado pelos serviços de segurança alemães por suspeita de extremismo, mas que foi apoiado por personalidades norte-americanas, incluindo o bilionário Elon Musk.

Um partido de esquerda ressurgente e o AfD podem exercer uma minoria de bloqueio no Parlamento que poderia impedir qualquer aumento nos gastos com defesa necessários para reforçar a segurança europeia. Tanto o AfD quanto a esquerda se opõem à ajuda militar à Ucrânia.

com informações da CNN Brasil e imagem via reprodução Angelika Warmuth/ Reuters