A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (9) uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões do INSS. Entre os alvos está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora ele não esteja entre os investigados, o fato de fazer parte da direção de uma entidade suspeita de envolvimento em fraudes levanta sérias preocupações.
Ao todo, foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão em nove estados e no Distrito Federal. A operação mira associações suspeitas de aplicar descontos indevidos diretamente nos benefícios de aposentados, sem autorização ou conhecimento das vítimas. A estimativa é de que o prejuízo aos cofres públicos chegue a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, incluindo o período em que Lula voltou à Presidência.
Durante as buscas, a PF apreendeu carros de luxo, dinheiro em espécie, armas e documentos. Em São Paulo, foram levados ao menos quatro Porsches. Em fases anteriores da operação, foram encontradas esculturas eróticas, obras de arte e até um carro de Fórmula 1.
O presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, foi alvo direto da operação e presta depoimento nesta quinta-feira na CPMI do INSS, em Brasília. Em nota, o sindicato afirmou estar “surpreso” com a operação e nega qualquer irregularidade. Mesmo assim, seus advogados dizem não ter acesso aos autos do inquérito.
A PF aponta que o esquema funcionava por meio de entidades de fachada, muitas vezes presididas por aposentados ou pessoas de baixa renda, usadas para registrar falsamente filiações de beneficiários do INSS e realizar descontos mensais em suas aposentadorias. Parte do dinheiro era desviada por meio de empresas e servidores públicos envolvidos no esquema.
A primeira fase da operação ocorreu em setembro, com a prisão de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e do empresário Maurício Camisotti, apontados como operadores da fraude. Ambos são acusados de movimentar milhões em nome de pessoas ligadas a servidores do INSS.
O silêncio do Palácio do Planalto e a ligação do irmão de Lula com a direção do sindicato envolvido aumentam a pressão sobre o governo, que já enfrenta outras denúncias envolvendo o uso político de entidades sindicais. Críticos apontam que a velha aliança entre PT e sindicatos segue operando nos bastidores com influência em estruturas oficiais.