Durante os eventos que marcaram o 80º aniversário da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, o presidente da China, Xi Jinping, reforçou sua proposta de construir uma nova ordem mundial multipolar, ao lado de aliados estratégicos como Rússia e Índia. A declaração foi feita no contexto da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), realizada no início da semana, e reafirmada durante o desfile militar realizado nesta quarta-feira (3), em Pequim.
A proposta de Xi busca se contrapor à atual liderança global dos Estados Unidos, defendendo um sistema internacional baseado na cooperação entre países em desenvolvimento e na rejeição à chamada “mentalidade da Guerra Fria”. Em discurso diante de mais de 50 mil pessoas na Praça Tiananmen, Xi declarou que o mundo enfrenta uma escolha entre “guerra ou paz, diálogo ou confronto, ganha-ganha ou soma zero”, posicionando a China como defensora de uma nova lógica nas relações internacionais.
“A atual situação internacional está se tornando caótica e interconectada. As tarefas de segurança e desenvolvimento enfrentadas pelos Estados-membros estão se tornando mais desafiadoras”, afirmou o presidente chinês, reforçando a necessidade de alternativas ao modelo ocidental de governança global.
Alinhamento com Rússia e Coreia do Norte
O desfile militar contou com a presença de mais de 20 líderes estrangeiros, incluindo o presidente russo Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong-un. A proximidade entre os três líderes foi interpretada como um gesto simbólico de união frente às pressões ocidentais. Putin, que já assinou mais de 20 acordos bilaterais com a China, classificou a parceria entre Moscou e Pequim como estando em um “nível sem precedentes”.
Além da exibição de armamentos de última geração, incluindo mísseis nucleares com capacidade intercontinental, o evento serviu como palco para reforçar o discurso chinês de resistência a um mundo unipolar dominado por Washington.
Reações dos Estados Unidos
A presença conjunta de Xi, Putin e Kim Jong-un provocou reações imediatas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que usou suas redes sociais para acusar o trio de conspirar contra os interesses norte-americanos. “Por favor, transmitam meus calorosos cumprimentos a Vladimir Putin e Kim Jong-un, enquanto conspiram contra os Estados Unidos”, ironizou Trump.
O líder norte-americano também criticou o que chamou de “comportamento intimidador” por parte da China, relembrando que muitos americanos morreram durante o conflito com o Japão e que esses sacrifícios não devem ser esquecidos.
Um desafio à hegemonia ocidental
A proposta de Xi Jinping para uma nova ordem mundial representa uma mudança significativa no posicionamento geopolítico da China. Ao lado de potências como Rússia e Índia, a China busca ampliar sua influência diplomática, econômica e militar, propondo uma estrutura internacional mais equitativa e menos centrada nos Estados Unidos e seus aliados tradicionais.
Para analistas internacionais, o movimento indica uma intensificação da disputa por influência global, especialmente em regiões estratégicas como Ásia, África e América Latina, onde os blocos liderados por China e Rússia têm fortalecido suas presenças.