Durante o julgamento do chamado núcleo 4 da trama golpista, realizado nesta terça-feira (14), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou um momento de descontração ao rebater com bom humor uma fala do advogado Melillo Dinis do Nascimento, defensor de um dos réus do caso.
Ao apresentar seus argumentos em defesa de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha — presidente do Instituto Voto Legal (IVL) e um dos sete acusados —, Melillo abordou o tema da desinformação e fez uma analogia inusitada com o futebol:
“É um momento histórico onde qualquer desinformação pode ser atribuída a qualquer pessoa, quer ver? Se eu disser que o ministro Alexandre de Moraes é torcedor do Palmeiras, isso não só é injusto, como acaba por trazer consequências quando ele for lá no Itaquerão”, brincou o advogado.
A resposta veio em tom igualmente bem-humorado por parte de Moraes, conhecido torcedor do Corinthians:
“E para o senhor também. Consequências sérias”, retrucou o ministro, arrancando risos no plenário.
“Claro, seríssimas”, respondeu o advogado, encerrando a brincadeira e voltando ao argumento jurídico, ao afirmar que o ambiente de polarização e extremismo dificulta o controle da desinformação.
O julgamento do núcleo 4
A Primeira Turma do STF julga nesta terça-feira (14) os réus do chamado núcleo 4 da tentativa de golpe de Estado investigada após os ataques de 8 de janeiro de 2023. De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo, composto majoritariamente por militares da reserva e um agente da Polícia Federal, teria atuado na disseminação de notícias falsas sobre o sistema eletrônico de votação, com o objetivo de abalar a confiança nas instituições democráticas.
Réus do núcleo 4:
Ailton Gonçalves Moraes Barros, major da reserva;
Ângelo Martins Denicoli, major da reserva;
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal;
Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente;
Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel;
Marcelo Araújo Bormevet, policial federal;
Reginaldo Vieira de Abreu, coronel.
Crimes pelos quais respondem:
Organização criminosa armada;
Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
Golpe de Estado;
Dano qualificado pela violência e grave ameaça;
Deterioração de patrimônio tombado.
Nas alegações finais, todos os acusados negaram participação em atos golpistas e pediram absolvição. O julgamento deve continuar nos próximos dias, com votos dos ministros da Primeira Turma.