Um tribunal japonês absolveu Iwao Hakamata, de 88 anos, nesta quinta-feira (26), encerrando uma das mais longas batalhas judiciais do mundo. Condenado à morte em 1968 por assassinar uma família, Hakamata passou mais de cinco décadas no corredor da morte, tornando-se o prisioneiro mais longevo do mundo nesta condição.
A decisão do Tribunal Distrital de Shizuoka foi baseada na revisão de evidências que antes sustentavam sua condenação, como um par de calças manchadas de sangue encontrado em um tanque de missô. O juiz Kunii Tsuneishi afirmou que essas roupas foram plantadas após o crime. “As manchas de sangue não poderiam ter permanecido avermelhadas se tivessem sido submersas em miso por mais de um ano”, declarou. Ele enfatizou que as evidências foram manipuladas pelas autoridades durante a investigação.
Hakamata, que durante o interrogatório foi levado a confessar sob pressão e ameaças, sempre manteve sua inocência, alegando que as provas contra ele foram forjadas. Sua condenação foi decidida por um placar de 2-1, e um dos juízes que se opôs à sentença abandonou o cargo meses depois, frustrado com o veredicto.
A história de Hakamata, um ex-boxeador profissional que havia se aposentado em 1961 e trabalhava em uma fábrica de processamento de soja, chamou a atenção internacional e gerou apelos para a abolição da pena de morte no Japão. Novas evidências surgiram em 2014, quando um teste de DNA das manchas de sangue nas calças não apresentou correspondência com Hakamata ou com as vítimas, levando à determinação de um novo julgamento.
Embora o Tribunal Superior de Tóquio tenha inicialmente negado o pedido de revisão, a Suprema Corte do Japão interveio, permitindo que Hakamata tivesse uma nova chance. Devido à sua idade e ao estado de saúde debilitado, ele foi liberado enquanto aguardava o julgamento.
A absolvição de Hakamata destaca a necessidade de reformas no sistema judicial japonês, que tem uma taxa de condenação de 99%.
com informações via CNN Brasil