O último leilão das concessões rodoviárias do Paraná, realizado nesta quinta-feira (30) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o processo que vai definir quem vai controlar os pedágios do estado pelos próximos 30 anos. O governo comemora uma redução média de 33% nas tarifas em comparação com os contratos antigos, mas o resultado ainda divide opiniões — e reacende o debate sobre o custo real das estradas paranaenses.
De acordo com os dados oficiais, as tarifas médias cairão de R$ 0,1919 para R$ 0,1281 por quilômetro em pistas simples e de R$ 0,2675 para R$ 0,1793 em rodovias duplicadas. Considerando a inflação desde o fim dos contratos antigos, em 2021, o governo fala em uma queda de mais de 50%.
Mas motoristas e especialistas em infraestrutura lembram que, mesmo com o “pedágio mais barato da história”, os valores ainda são considerados altos para quem depende das rodovias diariamente — e que a promessa de duplicações e melhorias ainda está no papel.
Além disso, alguns lotes registraram descontos irrisórios, levantando questionamentos sobre o real nível de competitividade dos certames. O Grupo EPR, por exemplo, venceu dois lotes (2 e 6) oferecendo apenas 0,08% de abatimento — uma diferença quase simbólica em relação ao valor de referência.
Enquanto isso, o Grupo Motiva (antiga CCR S.A.) apresentou o maior desconto, de 26,6%, e o Grupo Pátria ficou com outros dois lotes, oferecendo reduções entre 18% e 23%. Com isso, as três empresas passam a dominar o novo mapa dos pedágios paranaenses.
O governo defende o modelo como mais “transparente e vantajoso”, já que eliminou o pagamento de outorga — prática que, em contratos anteriores, era vista como uma das causas dos altos preços nas praças de pedágio.
Mesmo assim, críticos apontam que o Paraná volta a entregar o controle de milhares de quilômetros de estradas à iniciativa privada por três décadas, sem garantias de que o usuário sentirá no bolso a redução anunciada.
Com o sexto e último leilão concluído, os novos contratos já começam a redefinir a rotina nas rodovias do estado. Agora, resta saber se o tão prometido “pedágio mais justo” vai, de fato, chegar aos motoristas.





