A cada chuva forte, o medo toma conta dos moradores da rua Abelardo de Brito, na Vila Ronda Peixoto, em Ponta Grossa. Sem sistema de escoamento, sem caneletas e sem qualquer infraestrutura básica, a água invade casas, destrói móveis e deixa famílias em situação de desespero.

No mês de março, Fernanda, moradora da rua, perdeu praticamente tudo o que tinha dentro de casa. “A água entrou e levou nossos bens. Foi muito triste. Corremos atrás de vereadores, da prefeitura, fizemos abaixo-assinados, mas nada muda. Parece que não existimos”, desabafa.

O problema não é apenas a enchente. O acesso à rua é tão precário que nem serviços essenciais conseguem chegar. Ambulâncias se recusam a descer, a coleta de lixo não acontece, carros de aplicativo e até entregas de mercado ficam impossibilitados de atender a região.

“Eu tenho uma filha especial e cada dia é uma luta. Se preciso de um Uber, não vem. Se preciso de uma ambulância, ela não entra. Até as compras do mercado temos que carregar em carrinho de mão por duas quadras. É humilhante viver assim”, contou Fernanda.

Os moradores afirmam ainda que quando a Prefeitura tenta resolver o problema, acaba piorando. “Eles jogam pedras na rua, mas quando chove, essas pedras descem junto com a enxurrada e entram dentro das casas. A situação só piora”, relatou.

A comunidade, uma das mais antigas da cidade, cobra respeito e providência. “A gente paga nossos impostos em dia, o IPTU vem certinho, mas retorno não temos nenhum. O drone da Prefeitura encontra a casa para cobrar o imposto, mas não mostra a realidade da nossa rua. Já estamos cansados de promessas, queremos uma solução definitiva”, afirmam os moradores.

A rua Abelardo de Brito é hoje um retrato do abandono. Famílias isoladas, idosos acamados que precisam ser carregados no colo pelos vizinhos em casos de necessidade, e moradores que vivem na incerteza de quando virá a próxima enchente.

O pedido é claro e urgente: a Prefeitura precisa agir, garantir o mínimo de dignidade e infraestrutura para quem vive há décadas no local. Não é favor, é direito.

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